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Sumido após Terra Samba, Reinaldinho critica cena soteropolitana: ‘não posso ficar refém’ por Renata Pizane


Sumido após Terra Samba, Reinaldinho critica cena soteropolitana: ‘não posso ficar refém’
Foto: Divulgação
Na década de 90, o pagode baiano ganhava projeção nacional com músicas de coreografia ensaiada. “Carrinho de Mão” e “Na Manteiga” ajudaram a colocar o nome da banda Terra Samba no topo das paradas, colaborando para a marca de três milhões de discos vendidos. Quando o sucesso não era mais o mesmo, o vocalista Reinaldinho Nascimento resolveu seguir em carreira solo. Com 25 anos de estrada, 15 destes dedicados à banda, o cantor está de volta ao cenário musical com um novo projeto para homenagear a Axé Music, intitulado “Reinaldinho canta a Bahia”. Em conversa com o Bahia Notícias, ele lembra do passado e avalia as dificuldades em consolidar sua carreira solo.
 
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Como é esse novo projeto 'Reinaldinho Canta Bahia'?
E uma homenagem aos 30 anos de Axé. Eu gravei esse disco na época da Copa de 2014, em Minas Gerais, mas ficou tão bom que continuei aproveitando. Ele veio a calhar nesse momento que comemoramos o aniversário do ritmo. Nos shows, canto o que foi marcante para o Carnaval da Bahia. 

Além dos trabalhos autorais, você faz releituras de clássicos do axé. Músicas de sua carreira entraram no projeto ou você quer desvincular sua imagem do Terra Samba?
Não tem como não cantar músicas do Terra Samba, afinal o grupo marcou não só minha vida, mas de muitas pessoas dentro da Axé Music. Impossível subir ao palco e não cantar um “Libera Geral” ou “Deus é Brasileiro”. Eu evitei colocar músicas dessa época da minha vida para não ficar parecendo um show da banda. Coloquei canções de artistas diversificados.

 Você acredita que houve uma rejeição do público com sua carreira solo?
Não penso que houve rejeição. Faltou um trabalho mais maduro, com divulgação pesada, incluindo rádio e TV. Não poderia atirar para todos os lados. Na verdade, eu também evitei esse holofote porque estava descobrindo qual a música queria fazer. 

Como foi sua parceria com Beto Jamaica?
Ficamos durante um ano tocando o projeto Som de BR. Ele resolveu voltar para banda de origem dele. Nesse tempo, eu continuei fazendo meu trabalho, inclusive, fazendo shows na Europa. Cada um tem que fazer o que te deixa feliz. 

Ele voltou para o É o Tchan, há chances de você voltar ao Terra Samba?
Não penso em voltar. Estou feliz. Na carreira solo posso fazer escolhas, tenho autonomia para decidir a intensidade e o ritmo de trabalho. É uma fase madura. 

Existem mágoas com a banda?
Não. Conversamos por um bom tempo antes de eu tomar a decisão de sair. Inclusive, aceitei voltar para fazer o projeto especial de 20 anos. Não tinha a intenção de ficar, agora cada um está correndo atrás do seu trabalho. 
 

Reinaldinho na época do Terra Samba | Foto: Rerodução/Twitter
 
Você tem arrependimentos ao longo da carreira?
Os erros que cometi fizeram parte do processo de amadurecimento. Todos passam por isso. Sempre cumpri meus compromissos profissionais, se fiz algo de errado foi a mim mesmo. Talvez, um arrependimento foi não ter amadurecido mais cedo. 

Em 2013, você liderou o projeto 'Pagodão das Antigas'. Pretende se juntar a outros artistas novamente para lembrar os tempos de sucesso da década de 90?
Estou em um novo projeto desse tipo, mas com a participação de outros artistas. Além de mim, banda Tchakabum e Patrulha do Samba. Já gravamos um disco juntos e estamos fazendo shows, na expectativa de surgir uma gravadora para abraçar o projeto. Nosso empresário está tentando trazer os ensaios para casa de shows de Salvador. 
 
Você anda afastado da cena musical baiana, é uma opção ou falta de oportunidade aqui ?
É falta de oportunidade. Em determinado momento, os empresários pensam que você não serve mais e criam uma resistência em te contratar. Quando você não está associado às grandes marcas aqui na Bahia, você é barrado. Coloquei na minha cabeça que o Brasil é grande e não posso ficar refém de Salvador. Gostaria muito de voltar a povoar a cena do Carnaval da Bahia, mas não me sujeitaria a determinadas coisas.  Vou vivendo da forma que pra mim é melhor, por isso, prefiro ficar olhando o movimento musical de Salvador, quem sabe um dia eu consiga voltar. Ano passado cheguei a fazer apresentações em espaços pequenos aqui em Salvador, mas esse ano não tenho interesse. Por enquanto, faço shows no Sudeste e Centro-Oeste. 
 
Em tempos de novas apostas como 'arrochadeira', já pensou em mudar de estilo musical ? 
Não acho que seria bacana. Não pongaria em um novo segmento novo para fazer sucesso, vim da Axé Music e do Samba. Não é o que acho da música que quero fazer, não é a verdade do artista. Não tenho nada contra quem faz isso.

Posaria nu novamente?
Não, passou (risos). Foi uma coisa da época que estava novo. Queria causar polêmica, além da questão financeira. Estava em cima e inteiro, tinha que mostrar mesmo.

Tem projetos para o carnaval de Salvador? 
Não tenho planos. Hoje meu projeto é mais financeiro do que artístico, sobretudo, com essa crise. Não se ganha dinheiro no Carnaval da Bahia, só as grandes estrelas e os camarotes conseguem.  Eu já paguei para tocar quando trabalhei no Carnaval de Salvador. Por isso, irei onde sou mais bem pago.
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