Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS
Vestir a camisa de um grande time e subir ao gramado com outros craques Ă© a realizaĂ§Ă£o de qualquer garoto que sonha em ser jogador de futebol. Mesmo na base de um clube, sĂ³ os mais talentosos alcançam o trampolim atĂ© o grupo principal. PaciĂªncia e cuidado sĂ£o a receita para evitar que uma aposta de futuro seja exposta antes do tempo e permaneça como eterna promessa. Mas como planejar o amanhĂ£ quando o prĂ³prio presente do clube ficou em dĂºvida da noite para o dia?
Em meio a tantas interrogações, uma certeza na Chapecoense Ă© de que a reconstruĂ§Ă£o da equipe passa pela base. Ainda que o time possa contar com reforços emprestados por adversĂ¡rios nas futuras competições, a formaĂ§Ă£o do elenco principal deverĂ¡ ser reestruturada a partir da garotada do sub-20.
— É um processo que a gente vai ter que acelerar. Nosso projeto era ir encaixando dois, trĂªs meninos. É um processo lento, tem toda uma adaptaĂ§Ă£o, mas acredito que serĂ¡ acelerado — avalia o supervisor das categorias de base da Chapecoense, Roberto Ferreira.
Hoje, a Chape tem cerca de 20 jovens atletas profissionalizados. Na prĂ¡tica, diz o supervisor, jĂ¡ bastaria para um recomeço dentro das quatro linhas. A direĂ§Ă£o das categorias de base, no entanto, considera aspectos emocionais e que vĂ£o alĂ©m do campo de jogo.
- Se a gente precisasse treinar na semana que vem, seria possĂvel. Mas, antes disso, temos outras questões para pensar. Precisamos reconstruir tudo - aponta Ferreira.
O tĂ©cnico da equipe sub-20, Emerson Cris, chegou a assumir o time principal provisoriamente em junho, na saĂda de Guto Ferreira. Como nĂ£o viajou para MedellĂn, Emerson Ă© um dos remanescentes mais abalados pela tragĂ©dia.
Se dependesse dos atletas, a equipe sub-20 da Chapecoense entraria em campo jĂ¡ na prĂ³xima segunda-feira, em disputa pela Taça Piratini, voltada a equipes juvenis no Rio Grande do Sul.
Jovens se colocam Ă disposiĂ§Ă£o para jogar
Em uma reuniĂ£o com a direĂ§Ă£o na manhĂ£ desta quarta, o grupo de garotos manifestou vontade de participar. A presença do clube, por enquanto, ainda Ă© discutida pela direĂ§Ă£o e toda participaĂ§Ă£o em competições segue suspensa.
Ouvidos pela reportagem do DC, atletas do sub-20 da Chapecoense se mostraram dispostos a reerguer o clube.
— Agora somos o grupo da Chapecoense. O sub-20 Ă© a categoria mais acima antes do profissional. É complicado dizer "estou preparado para jogar". Mas, se tiver que jogar, vamos jogar. Esse clube nĂ£o pode acabar, de uma forma ou de outra a gente tem que se reerguer — anunciou Guilherme Puerari, 17 anos, volante.
FĂ£ do lateral Gimenez, o lateral-direito Mathias Firmino, de 19 anos, reforça a vontade de protagonizar o futuro do clube.
— Querendo ou nĂ£o, o futuro da Chapecoense somos nĂ³s. É isso o que a diretoria estĂ¡ tentando nos passar nesse momento. Temos que levantar a cabeça e seguir em frente — destacou.
O momento, reconhece o lateral-esquerdo Bruno Bortolini, de 18 anos, ainda Ă© de angĂºstia. Mas a vontade de jogar jĂ¡ na segunda-feira, diz ele, ganha força no grupo.
— É um clima de dĂºvida. A cabeça fica um pouco pesada, mas estĂ¡ boa sim — diz.