A teledramaturgia, antes imbatível, vive um momento delicado. As três novelas do horário nobre - Meu Pedacinho de Chão (18h), Além do Horizonte (19h) e Em Família (21h) - registram índices muito inferiores ao ideal. Os números do Jornal Nacional são igualmente insatisfatórios. Apresentadores que antes eram sinônimo de audiência, como Xuxa e Renato Aragão, estão fora do ar. Apesar disso, a Globo ainda é líder absoluta. Contudo, nunca esteve tão suscetível ao poder de escolha do telespectador.
Antigamente, ao ligar a TV, sintonizava-se a Globo e, quase invariavelmente, lá se permanecia. Hoje há opção de bons programas nos outros canais do sinal aberto — e dezenas de canais pagos, com uma oferta praticamente inesgotável de atrações nos mais variados estilos. A mudança de hábito do telespectador e o crescimento da concorrência tiraram boa parte da hegemonia da Globo.
Mas isso não é um fenômeno exclusivo da televisão brasileira. Supercanais como a Globo perdem audiência no mundo todo. O bolo passou a ser dividido em muitas fatias. E o telespectador tem agora a internet, o smartphone, o tablet. A TV deixou de ser a única fonte de entretenimento eletrônico. Há outro fator: a rejeição à Globo. Por questões ideológicas e políticas, a emissora se tornou alvo de frequentes ataques e suposto boicote.
A expectativa da cúpula global é reverter - ou pelo menos controlar - o esvaziamento de Ibope com a transmissão da Copa do Mundo. Os jogos poderão aumentar o interesse pelos programas esportivos e telejornais da emissora. Consequentemente, atrações coladas a eles, como as novelas, têm chance de herdar alguns pontos de audiência. A emissora tem pressa em evaporar essa nuvem de instabilidade por um motivo especial: a comemoração de seus 50 anos, em 2015. Se a audiência continuar a cair, o brilho da festa não será o mesmo.
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