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Salvador está em terceiro lugar entre os sem religião

A variedade de igrejas, templos, terreiros e a diversidade de crenças conferiram a Salvador o status de cidade marcada pela religiosidade. No entanto, dados do Censo demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), demonstram que a cidade é a terceira capital do Brasil com maior número de pessoas que se declaram sem religião.
Em 2000,  eram cerca de 443 mil. Dez anos depois, 471 mil, o que corresponde a 17,64% da população da capital e a um crescimento de 6,4 %. O índice que ainda supera o percentual baiano e brasileiro.  A capital está atrás apenas de São Paulo, em primeiro lugar, com cerca de 965 mil pessoas, e Rio de Janeiro, com 792 mil. No Brasil, os sem religião já são 8% da população. Na Bahia, este número passou de 1,4 milhão  em 2000  para 1,6 milhão  em 2010, o que corresponde a cerca de 12% de toda a população baiana.
O antropólogo Ordep Serra vê com naturalidade os números apresentados. Para ele, o panorama religioso da Bahia tem mudado com os anos e estes números resultam de uma tendência da atualidade. "Não podemos mais tomar como base as formas de fé do passado, quando existiam perseguições e o preconceito predominava", explicou.
Serra acredita que  ainda hoje  parte da população omita a real religião temendo represálias e preconceito. "Vivemos hoje em um País mais livre, mas existem casos de perseguição religiosa. Muitas pessoas ainda escondem, ou por timidez ou por medo de iniciarem uma discussão a respeito".
Omissão -  O antropólogo afirma ainda que o índice não indica, necessariamente, a falta de religiosidade por parte dos entrevistados na pesquisa. "Muitas pessoas preferem dizer que não têm religião. Outras, até fazem parte de alguma prática religiosa mas não querem ter o compromisso de declarar fidelidade a esta determinada crença", explicou Serra.
Para o professor do Departamento de Antropologia e diretor do Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia (Ceao-Ufba), Jocélio Teles dos Santos, os números representam o afastamento das pessoas do modelo tradicional de religião. "Considero um fenômeno da modernidade. Atualmente, pode-se assistir a uma missa, frequentar um terreiro de candomblé, ir a um ritual de umbanda, conhecer um culto na Igreja Evangélica sem estar vinculado a nenhuma destas religiões, sem ser obrigado a segui-las pelo resto da vida", afirmou.
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