O vídeoclipe de uma banda do município deVitória da Conquista, cidade localizada a 447 km de Salvador, lançado em dezembro de 2013, tem repercutido negativamente entre políticos e representantes de associações que defendem os direitos humanos na Bahia.
As cenas veiculadas na produção independente, que já tem mais 66 mil visualizações no Youtube, têm sido encaradas como incitadoras ao crime de estupro. (Veja videoclipe)
O videoclipe foi produzido pela banda Abrakadabra, que despontou no cenário regional há três anos, cantando músicas que mesclam arrocha, tecnobrega e pagode. A produção integra os serviços de divulgação da atual música de trabalho do grupo: "Tigrão Gostoso".
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O vídeo original, que teve o início editado após as críticas, apresentava uma estudante andando sozinha em um matagal seguida por um homem encapuzado. Percebendo a perseguição, ela deixa o material escolar cair no chão e corre. Logo em seguida, a mulher acorda do que teria sido um pesadelo.
A parte seguinte do vídeoclipe, que não foi alterada na edição, mostra que a mesma mulher, ao acordar, tem a casa invadida por seis homens. "Abra a porta logo que eu quero entrar. Não adianta se esconder. O tigrão vai te pegar" , fala um dos invasores, em trecho da música.
Correndo do grupo, que é composto pelos próprios integrantes da banda, a mulher diz: "Mas eu tô com medo. Você vai me machucar?". Em resposta, um dos invasores conta: "Sou o seu tigrão gostoso. Só precisa relaxar. É na hora do espanto que o bicho vai, toma, toma, então toma".
Em entrevista ao G1, na tarde deste sábado (25), a deputada estadual Luiza Maia disse que vai se reunir com a equipe jurídica na próxima segunda-feira (27) para discutir providências que possam penalizar a banda pela veiculação do vídeo. "Trata-se de uma produção de mau gosto e agressiva às mulheres. É uma encenação que mostra um homem querendo pegar uma mulher sem ela querer. É a incitação de um crime. Vamos nos posicionar", promete a deputada da bancada feminista.
Nota de repúdio
Por conta do videoclipe da banda, Tâmara Terso, da Marcha Mundial das Mulheres, convocou reunião com representantes do grupo na cidade de Vitória da Conquista e juntas com outros representantes de movimentos sociais elaboraram uma carta de repúdio ao clip.
Por conta do videoclipe da banda, Tâmara Terso, da Marcha Mundial das Mulheres, convocou reunião com representantes do grupo na cidade de Vitória da Conquista e juntas com outros representantes de movimentos sociais elaboraram uma carta de repúdio ao clip.
Em nota, a carta de repúdio diz que “o clipe se desenrola de forma a enaltecer a posição do estuprador, colocado como a figura do “tigrão gostoso”, de modo a associar a agressividade à masculinidade. Por outro lado, reforça a imagem da mulher como um ser frágil e submisso, sem autonomia de vontade, sendo explícita a apologia ao estupro durante toda a música, como pode-se perceber nos trechos: “mas eu tô com medo, você vai me machucar” ou “é na hora do pavor que o bicho vai pegar”.
“Nós construímos uma carta junto aos movimentos sociais feministas, negro e outros representantes sobre o conteúdo do clipe e da letra da musica. É uma violência contra a mulher, principalmente uma incitação ao estupro. Não é um crime consumado, mas a letra é uma apologia”, reflete.
Defesa
Em entrevista ao G1, também na tarde deste sábado (25), o empresário da banda Abrakadabra, Diego Pereira, contou que o grupo nunca teve a intenção de incitar ou promover o estupro. Ele acredita que todo produto veiculado na internet corre o risco de ser mal interpretado. "Temos um grande público feminino. Temos mulheres, filhas. Como pensaríamos em uma coisa dessas?", argumenta.
Em entrevista ao G1, também na tarde deste sábado (25), o empresário da banda Abrakadabra, Diego Pereira, contou que o grupo nunca teve a intenção de incitar ou promover o estupro. Ele acredita que todo produto veiculado na internet corre o risco de ser mal interpretado. "Temos um grande público feminino. Temos mulheres, filhas. Como pensaríamos em uma coisa dessas?", argumenta.
Pereira defende que o vídeoclipe produzido é uma obra de ficção e que deve ser interpretada como tal. "Nesta semana mesmo houve um cena em uma novela em que um homem bateu em uma mulher. Se eu for assistir, eu vou querer fazer o mesmo? Claro que não", defende.
O empresário acredita que a repercussão negativa está mais relacionada ao preconceito histórico com o estilo musical do grupo - que mescla arrocha, tecnobrega e pagode -, do que com o próprio vídeoclipe.
"Para mostrar que não temos nada a ver com essas críticas, iniciamos nesta semana uma campanha de prevenção à violência contra a mulher. Elas são defendidas em nossos shows", defende Diego Pereira.
Independentemente da repercussão, o empresário conta que tem sido apoiado pelos fãs e que o grupo, inclusive, tem sido convidado para mais shows. Pereira conta que a música que integra o vídeoclipe é um sucesso.
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