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Dizer que o futebol perdeu a graça na televisão aberta não é mais uma questão de opinião. É a realidade, mostrada pelos números.
Números do Ibope obtidos pelo Estadão no ano passado mostram a decadência da audiência do Campeonato Brasileiro. Em 2002, quando o Brasil foi pentacampeão mundial, a média era de 25,2 pontos. Em 2010, quando a seleção foi eliminada nas quartas de final da Copa da África pela Holanda, a média do Nacional foi de 20,9 pontos.
O blog da Keyla Gimenez na Folha de S. Paulo informa nesta quinta (5) que, em 2014, quando a casa caiu de vez após o 7 a 1 para a Alemanha, foram apenas 16,8 pontos de audiência para o Campeonato Brasileiro, em média. Cada ponto representa 67 mil domicílios ligados.
O resultado pífio deixa claro que os brasileiros estão, aos poucos, perdendo o interesse pelo futebol na TV.
Nem os tradicionais campeões de audiência estão segurando a onda. Um jogo do Corinthians era assistido, em média, por 1,6 milhão de pessoas em 2010. Hoje, apenas 1,17 milhão param para ver o clube jogar. Outros 428 mil arrumaram coisa melhor pra fazer na hora do jogo.
Ontem, a transmissão do jogo do Timão na Libertadores contra o San Lorenzo teve média de 21 pontos de audiência. Um pouco melhor do que os 17,5 pontos de média no Brasileirão de 2014, mas longe do resultado que costumava dar em jogos fora de São Paulo pelo torneio continental.
A queda gigantesca coloca em xeque o futuro do futebol na TV. Segundo a Folha de S. Paulo, a Globo pode diminuir o número de jogos transmitidos a partir de 2017. O plano é focar as transmissões esportivas apenas nos canais por assinatura e no pay-per-view. Mas e quem não tem nenhum dos dois serviçosnão vai mais ver seu time jogar?
Sim, existe esse risco.
Tanto é que os clubes estão quebrando a cabeça para montar um modelo de Campeonato Brasileiro que agrade tanto aos torcedores quanto aos donos dos direitos de transmissão. Estão pressionando a CBF para que, a partir de 2016, o mata-mata volte após as 38 rodadas para que o campeão seja definido em uma final.
O ano que vem é decisivo para o futuro do futebol na TV aberta. A audiência da Copa do Brasil, por exemplo, já caiu 32% nos últimos quatro anos. O Brasileirão deve, aos poucos, sair da TV antes da queda atingir esse patamar.
Não que muita coisa vá mudar, se pensarmos bem. Quantos de nós não deixamos de lado os jogos das 16h de domingo para fazer algo melhor? No passado, os jogos das 22h de quarta ainda eram um problema para quem acordava cedo na quinta. Hoje, o melhor é dormir cedo, mesmo.
Já as transmissões dos campeonatos europeus no fim de tarde estão bombando de audiência. Os jogos têm repercussão enorme, ainda mais quando envolvem os poucos craques que ainda vestem a camisa da nossa seleção. E torneios europeus, como sabemos, só são transmitidos na TV fechada.
Se você gosta de futebol, é melhor começar a guardar dinheiro para ver jogos na TV nos próximos anos. Porque, do jeito que as coisas estão, em vez das partidas de quarta-feira passarem a ser transmitidas mais cedo (às 20h30 seria ideal), elas devem simplesmente ser substituídas por outro programa. E os torcedores ficarão a ver navios.