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Como o Déficit de Atenção influencia na vida conjugal

Na vida conjugal, o Transtorno de Déficit de Atenção pode influenciar na vida conjugal

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperativida­de (TDAH) caracteriza-se por dificuldade de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade.
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Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Esse transtorno pode provocar conflitos na dinâmica da vida conjugal. Nesse sentido, a compreensão do TDAH, bem como a forma da sua manifestação nos relacionamentos, podem trazer benefícios na resolução de problemas vivenciados pelo casal no cotidiano.
O diagnóstico do TDAH ocorre normalmente na infância, principalmente quando a criança necessita do sistema atencional para o processo de aprendizagem, o que muitas vezes provoca baixo rendimento escolar. Além do sistema atencional deficiente também a dificuldade de controle dos impulsos e a agitação constante, ou seja, a hiperatividade e impulsividade podem trazer dificuldades na adaptação social, portanto, prejuízo nos relacionamentos da criança e do adolescente.
Pesquisas têm demonstrado que 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno mantêm os sintomas na vida adulta. Sendo assim, se o transtorno persiste na vida adulta, estes podem apresentar dificuldades no relacionamento afetivo, profissional entre outras dificuldades relacionadas a esse momento específico do desenvolvimento humano, com vivências próprias dessa etapa da vida, gerando sofrimentos para essa pessoa e normalmente para aqueles que convivem diretamente com ela.
Muitos diagnosticados com TDAH ainda apresentam outros transtornos associados, que pode proporcionar ainda mais problemas, tais como: depressão, ansiedade, abuso de substâncias, autismo entre outros.

Transtornos causados pelo TDAH no matrimônio

No casamento, o TDAH pode se manifestar negativamente de várias formas. Muitas dificuldades estão relacionadas à desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Pode ocorrer que um dos cônjuges apresente o transtorno ou mesmo os dois. Caso os dois apresentem esse diagnóstico, o problema pode ser potencializado, possivelmente proporcionando mais dificuldades na vida do casal.
Quanto à impulsividade, nota-se que, devido a esse sintoma – entendido aqui como comportamento –, a pessoa pode apresentar-se mais impulsiva nas suas atitudes e agir, muitas vezes, impensadamente, ofendendo o outro, utilizando-se de palavras e tons de voz agressivos, tendendo a possíveis agressões tanto verbal quanto físicas.

Consequências da impulsividade e hiperatividade

A impulsividade normalmente gera ressentimentos, mágoas e afastamento afetivo um do outro. Ainda, a impulsividade e a hiperatividade podem manifestar-se no casamento, por exemplo, na alimentação excessiva, no falar demais (não aguarda o outro terminar o seu raciocínio), no ativismo profissional (não tem descanso, está a todo vapor), no consumismo (compra muito e normalmente sem necessidade, provocando desajuste financeiro para a família), na área sexual (excessiva procura por sexo ou um desligamento; também desatenção no momento do ato, qualquer estímulo interno ou externo é motivo de distração; por isso não alcança o orgasmo) ou no uso de bebidas alcoólicas e utilização de drogas.
A impulsividade está relacionada à incapacidade de inibição do comportamento. Para o ser humano, principalmente na relação a dois, é extremamente importante saber esperar, aguardar o melhor momento para uma tomada de decisão e receber a opinião do outro para juntos escolherem o que é melhor para a família. Como no TDAH, a pessoa apresenta-se impulsiva nas suas atitudes; ela, muitas vezes, não consegue aguardar para compartilhar com o esposo ou esposa uma situação ou desejo para ambos discernirem, assim este acaba tomando decisões sem a participação da outra pessoa.
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Atitudes individualistas

No casamento, muitos se queixam do esposo ou da esposa que tem atitudes individualistas, aqueles que, em muitas ocasiões, escolhem algo importante ou simples no dia a dia sem pedir a opinião do outro. Essa situação traz como consequência a sensação de falta de compartilhamento, de amor e respeito; ferindo uma característica importante no matrimônio, que é a transparência e a participação dos dois na construção da família. Essas atitudes podem estar presentes em decorrência de muitos problemas, como a dificuldade de viver a dois; no entanto, no TDAH essa realidade pode ser agravada devido à impulsividade.

Sintoma característico do TDAH

Quanto à desatenção, sintoma característico do TDAH, pode trazer dificuldades de memória, por exemplo, não se lembrar do que falou há dias ou horas; esquecimento de datas importantes, de horários marcados, como buscar os filhos na escola, comprar ou pagar um boleto, entre tantas situações. Os parceiros se sentem rejeitados ou pouco importantes para o outro diante dessa falta de atenção com ele ou mesmo com os filhos. A pessoa desatento não consegue escutar como deveria, atropela a fala do outro antes que termine seu raciocínio; às vezes olha, mas está com o pensamento longe, como se não estivesse ali; apresenta um olhar distante e, em muitos momentos, vê-se tentando entender o fim da historia, já que “voou” na maioria do relato. Assim, não compreende as necessidades do cônjuge, não percebe o momento de vida dele; e este, por sua vez, não se sente acolhido. O relacionamento se torna imaturo, uma vez que não consegue se aprofundar na vida e nos anseios do outro, pois não o conhece nem o vê.

Dificuldade de planejamento e organização

Outra característica é a dificuldade de planejamento e organização. Chega sempre atrasado aos compromissos, não planeja suas atividades diárias e acaba cometendo muitos erros, “atropela” e pode perder o emprego e muitas oportunidades. Normalmente, apresenta procrastinação, ou seja, adia as tarefas, deixando as atividades para serem realizadas na última hora (trabalho e consertos mínimos na casa), ainda costuma não terminar projetos que iniciou, como cursos, atividade física entre outros.

Consequências sérias causadas pela desorganização

Pode-se perceber a desorganização na casa e nos objetos do portador de TDAH, como guarda-roupas desorganizados, roupas no chão, sapatos, papéis infindáveis; tudo fora do lugar. Ainda, muitos apresentam autoestima baixa, o que interfere no relacionamento. Normalmente, sente-se inferiorizado com relação ao outro, gerando desajustes na dinâmica do casal. Essa visão destorcida de si mesmo provoca uma dificuldade de assumir o seu lugar na família. O esposo não se vê como provedor e pai; a esposa não se vê como afetiva, cuidadora e mãe; essa situação traz sérias consequências para o casal e principalmente na vida dos filhos. Portanto, é de suma importância que ambos, esposa e esposo, possam conscientizar-se das suas limitações, buscar ajuda de um profissional para um melhor diagnóstico e tratamento.

Qual o primeiro passo?

O primeiro passo nunca é a acusação. A convivência com uma pessoa que apresenta esse transtorno é difícil de ser suportada, principalmente quando não entendemos que estamos lidando com um transtorno neurobiológico. Sem essa compreensão, acusa-se o outro de imaturo, individualista e irresponsável, o que normalmente traz autoconceito negativo para aquele que apresenta o transtorno e, ao mesmo tempo, falta de admiração por parte do outro que convive com ele.
O mais importante é buscar ajuda e não desistir! Existe tratamento para o TDAH! Existe solução para uma melhor convivência: primeiro, a compreensão; depois a decisão. A busca de ações para uma mudança, com um objetivo real, viver em família.
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