Essa percepção espiritual da morte esteve presente em diversas homenagens. O Babalorixá Célio D'Omolu, que orientava Preta em sua caminhada religiosa, fez um tributo carregado de emoção: "Você trouxe tanta alegria para o meu coração e hoje eu choro, já sentindo sua falta… Tenho certeza que você descansa em um bom lugar, no colo de nossa Mãe Oxum." Artistas como Lázaro Ramos, Flávia Oliveira, Erika Hilton e Teresa Cristina também se referiram ao Orun — plano espiritual na cosmologia iorubá — em suas mensagens de adeus.
Oxum, divindade à qual Preta era ligada e cuja imagem ela carregava tatuada no corpo, representa, segundo a tradição iorubá, a energia do amor, da fertilidade e da beleza. "Na cosmologia adotada pelo Candomblé, a existência se divide entre o Ayé, o mundo material, e o Orun, a dimensão espiritual", explica Daniel Pereira, babalorixá e pesquisador. Ele acrescenta que o Orun abriga Olorun, os orixás e os ancestrais, e que não é um único lugar, mas um conjunto de nove camadas espirituais.
No entendimento do Candomblé, a morte é vista como uma passagem, e não como um fim absoluto. "O espírito retorna ao Orun e pode, em certos casos, reencarnar, muitas vezes na mesma linhagem", afirma Daniel. Diferente da visão cristã, não há ruptura na jornada espiritual, mas continuidade. Os ancestrais seguem presentes, orientando os vivos, e é essa visão de eternidade e pertencimento que permeia as homenagens à cantora, cuja espiritualidade foi tão forte quanto sua arte.
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