Um homem denunciou ter sido vítima de xingamentos e preconceito por
um cirurgião dentro do hospital Manoel Vicotrino, localizado no bairro
da Saúde, em Salvador. Ao bahia.ba, Érico Soares contou
ainda que o pai, ao tentar defende-lo, teria sido agredido pelos
seguranças da unidade. O idoso, de 72 anos, caiu e bateu cabeça.
“Eu precisei ficar internado no hospital após ter sofrido um
acidente. No dia 07 de novembro, fui para a área de cirurgia e ouvi
acusações do médico dizendo que eu era envolvido com drogas e traficante
apenas porque uso tatuagens e sou da periferia. Quando meu pai foi lá
no outro dia tirar perguntas com o coordenador do centro cirúrgico,
tentaram passar panos quentes e dizer que foi um mal entendido, mas não
foi. Meu pai continuou cobrando explicação, e, com isso, eles chamaram
os seguranças, que escorraçaram com violência. meu pai caiu no chão e
bateu cabeça”, contou.
Érico, que está desempregado, disse ainda que depois do ocorrido, ele
os seguranças começaram a passar pelo quarto onde ele estava e
ameaça-lo. Por causa da situação, ele pediu para receber alta antes do
previsto.
“Quando eu vi eles partindo para cima do meu pai, eu tive que me me
meter. Depois disso, eles começaram a ficar me vigiando no quarto. Me
senti amedrontado e com medo e por isso pedi para ir embora. Ainda
quando eu saí, me disseram ainda sabiam onde eu morava. Me seguiram até a
praça onde minha namorada estava me esperando e quando a viram,
disseram: “Você não tem amor a sua via não?”. Eu não sou bandido só
porque uso tatuagem. Depois do que aconteceu eu nem consigo comer e
dormir direito. Vim para casa antes do tempo e agora preciso trazer à
tona tudo que aconteceu para que algo seja feito”.
Procurada, Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) negou o relato e disse, em nota enviada ao bahia.ba,
que “não houve pré-julgamento por parte da equipe médica em relação à
participação do paciente com o tráfico de drogas”, o que houve foi “uma
contenção do paciente e do pai dele, para evitar o rompante de violência
com que partiram para cima dos dois médicos e da equipe de segurança”.
“Sobre o fato ocorrido no dia 9 de novembro, nas instalações do
Hospital Manoel Vitorino, em Salvador, esclarecemos que não houve
pré-julgamento por parte da equipe médica em relação à participação do
paciente com o tráfico de drogas. Nada foi feito fora do padrão técnico.
As perguntas relacionadas fazem parte do protocolo da consulta
pré-anestésica. A direção do HMV reitera também que não houve nenhuma
pergunta no sentido racial”.
Ainda de acordo com a Sesab, toda a conduta dos responsáveis pelos
procedimentos foi ‘voltada para a segurança do paciente” e que um médico
passou para o outro as informações necessárias para que fosse
estabelecida a dosagem adequada ao perfil do paciente em questão.
“Outro ponto importante é que não houve agressão física por parte da
equipe de segurança, que é terceirizada. Foi feita a contenção do
paciente e do pai dele, para evitar o rompante de violência com que
partiram para cima dos dois médicos e da equipe de segurança. O
supervisor da segurança, inclusive, ficou com a marca de um chute no
peito, que recebeu o pai do paciente.
Érico e o pai prestaram queixa sobre o corrido na manhã desta
segunda-feira (14) na 13º delegacia territorial de Cajazeiras. Segundo a
Polícia Civil, o caso será encaminhado para a 1º DT dos Barris, que
prosseguirá com as investigações.