A rejeição da presidente Dilma Rousseff e a queda histórica da Rede Globo de Televisão, que pela primeira vez em décadas se vê realmente ameaçada por outras emissoras, voltam a virar manchete no mesmo momento. É preciso dizer, entretanto, que o Ibope do canal da família Marinho vem minguando ao longo dos últimos anos e que não é de agora que a rede de TV é acusada de manipular as informações. Televisão e política tem mais a ver uma com a outra do que pode parecer. Tanto é, que nas redes sociais, os apoiadores do Partido dos Trabalhadores, o PT, dizem que o 'Jornal Nacional' não fala das notícias polêmicas envolvendo o senador do PSDB, Aécio Neves. Enquanto no mesmo momento, os tucanos lembram que o telejornal poucas vezes deu tanto destaque para as falas de uma presidente. Discursos de até dois minutos de Dilma ganharam espaço de reportagem no noticioso mais assistido do país.
Um dos momentos mais polêmicos aconteceu nos últimos dias, quando o 'Bom Dia São Paulo' fechou as persianas do estúdio para não mostrar uma manifestação contra o ex-presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva. Por meio de nota, a Globo disse que já tomou a mesma medida em outras oportunidades e que seu telejornal não pode virar palanque. O assunto, é claro, mais uma vez lembrou os gritos de protesto de "o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo!".
Mas parece que os gritos das ruas estão aos poucos se refletindo no controle remoto. O 'Jornal Nacional' em dez anos caiu de 35 pontos para apenas 25 na grande São Paulo. Cada ponto representa cerca de 67 mil domicílios na maior cidade do país. Na última sexta-feira, 03, o telejornal de William Bonner e Renata Vasconcellos chegou a ter um empate técnico com 'Os Dez Mandamentos', novela da TV Record. O assunto é visto internamente também como um desprestígio do jornalismo, especialmente em época de grandes manifestações contra Dilma Rousseff. O curioso é que Dilma e o PT também não querem dar bola para o canal global. A última grande entrevista da presidente foi dada ao SBT.