youtubers
Parecem apenas jovens impetuosos com uma câmera na mão, um cenário tosco ao fundo e a vontade de fazer graça na web. Pois saiba que por trás deles há uma engrenagem poderosa, de olho nos milhões de consumidores que clicam em seus vídeos
16/05/2017 - 08H08 - ATUALIZADA ÀS 08H19 - POR
Reportagem publicada na edição de fevereiro de Época NEGÓCIOS
Casa lotada. Em um teatro de Belo Horizonte, centenas de adolescentes se aglomeram para assistir ao show. Já são 18 horas, mas pode-se dizer que, para aquele astro, o dia mal havia começado. Depois da apresentação, mais uma entre dezenas já realizadas, ele segue para outro compromisso. Precisa terminar um anúncio publicitário. Sem tempo para dormir, vai passar a noite acordado, pois deve voar às 6 horas para São Paulo. Na capital paulista, só haverá tempo para uma soneca rápida, antes de conceder uma entrevista a um repórter (desta revista, observe-se). Na sequência, está prevista uma sessão de autógrafos que avançará noite adentro. Parece agenda de cantor internacional. Mas não se engane. Essa foi uma segunda-feira tida como “normal” para o catarinense Lucas Feuerschütte, de 26 anos – ou só Luba, como é conhecido por seus 3,7 milhões de fãs na internet.
Ele não é ator, modelo, tampouco cantor. É um youtuber. Ou seja, um ser que, digamos, se expressa pelo YouTube por meio de vídeos. E é com orgulho que ele anota a profissão toda vez que faz check-in nos hotéis. Luba mora em Tubarão, uma cidadezinha no sul de Santa Catarina, com 100 mil habitantes. O amigo que vive mais afastado de sua casa está a dez minutos de caminhada. “Todo mundo ali ou você conhece ou é seu parente”, brinca. Na internet, contudo, ele atinge distâncias bem maiores. Seus vídeos, exibidos em dois canais, já foram vistos mais de 460 milhões de vezes. Recentemente, quando anunciou que tinha um namorado, foi notícia nos sites de celebridades e até num jornal tradicional. Já fez propaganda para o Bradesco e para a OLX. Arrasta massas de adolescentes para os eventos que promove.
Luba é parte de uma onda crescente de youtubers que dominam a web. Há quem prefira chamá-los de influenciadores digitais, criadores de conteúdo ou simplesmente “creators”. Seja lá qual for a nomenclatura, é inegável que essas pessoas, todas jovens (entre as mais populares, a maioria tem entre 20 e 28 anos), têm mudado a forma como a garotada consome vídeo, atraído o mercado publicitário e diversificado suas fontes de renda para fazer da própria imagem um negócio lucrativo. Viraram empreendedores de si mesmos – ainda que sem querer – e criaram uma indústria ao seu redor. “A gente foi meio que lançado nesse mundo de empreendedorismo e teve de aprender tudo sozinho”, diz Luba. “Eu não tinha experiência nenhuma com edição, por exemplo. Se precisasse cortar um vídeo, pesquisava no Google: ‘como cortar um vídeo usando tal editor’ – um passo de cada vez.” Hoje, muita coisa mudou. Ele tem uma equipe de seis pessoas. Delega o que pode, para se concentrar no que é mais importante. É um homem de negócios, enfim. “Mas é estranho falar em ser um empresário, porque imagino uma pessoa de terno e gravata, tomando café da manhã e conversando sobre a bolsa – e... sei lá..., eu gravo vídeos de pijama.”
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