Para especialista, viver um verdadeiro amor não significa trazer a pessoa para embarcar em suas asas, mas encontrar alguém que voe livremente na mesma direção
Élison Santos*
Meu amor
Por que dizemos que o amor nos pertence? Seria a pessoa amada algo a se possuir? Mas, se o amor carrega consigo o desejo do profundo bem, poderia privar o outro de sua liberdade? O amor parece convidar o ser humano a um paradoxo, deseja amar profundamente o ser amado e não perdê-lo jamais, mas para isso precisa deixá-lo completamente livre, sem aprisioná-lo.
Na lógica da economia o amor parece completamente impossível. Mas, quem precisa da lógica da economia quando se encontra um verdadeiro amor?
São muitos os casos em que uma pessoa tenta possuir a outra, sufocando-a, proibindo-a de ter amigos, de ter uma vida social, de se desenvolver profissionalmente, de manifestar seus verdadeiros sentimentos e pensamentos.
Os casos de relacionamentos abusivos que parecem crescer na sociedade de nossos dias revelam uma falha na noção de amor, uma visão equivocada do relacionamento a dois. A ave que vive dentro de uma gaiola não exerce a maior característica de sua natureza, voar!
A natureza humana é constituída de uma busca constante pelo sentido da vida, uma busca que se caracteriza pela liberdade diante de toda e qualquer circunstância. O aprisionamento deixa o ser humano enfermo, ao passo que o amor verdadeiro faz bem para a saúde.
Sim, amar faz bem!
É no abraço e nos gestos de afeto que nosso organismo libera hormônios como a oxitocina que aumenta a confiança, diminui o sentimento de medo e combate a depressão. No ato sexual nosso organismo estimula a produção de dopamina e vasopressina que aumentam a sensação de prazer, a atenção aos detalhes, a alegria e diminuem a tristeza.
Maslow afirma que a pessoa que não ama não é capaz de experimentar a mesma classe de emoções no ato sexual que a pessoa que ama e Viktor Frankl diz que por isso, em ordem de ter o maior prazer todos deveríamos buscar amar mais e mais.
Amar faz bem, porque vê na outra pessoa sua essência, uma essência livre, capaz de voar grandes distâncias e elevadas altitudes. Desta forma, viver um verdadeiro amor não significaria trazer a pessoa para embarcar em suas asas, mas encontrar alguém que voe livremente na sua mesma direção e que constantemente renova o desejo de estar perto de você, simplesmente porque também lhe ama.
Meu amor! O que significa esta expressão que todos dizemos afinal? Se não posso possuir a pessoa amada, então o que tenho de fato? A resposta para esta pergunta está justamente na minha capacidade de amar. Se me apaixono por alguém o que tenho para oferecer-lhe de melhor é isto, o ‘meu amor’! Esta capacidade especificamente humana, quanto mais acessada e quanto mais vivida, faz o ser humano mais humano, o possibilita ser mais gentil, atencioso, tolerante, paciente, generoso, carinhoso…
Este paradoxo do amor revela que quanto mais a pessoa amada estiver feliz, sentir-se mais bela, com elevada autoestima e constante autorrealização, mais ela representará o sucesso do amor que lhe foi oferecido.
‘Meu amor’, só pode de fato ser possuído em um investimento. É como se recebêssemos uma herança, mas não pudéssemos ter acesso ao dinheiro, só pudéssemos receber esta herança se investíssemos o dinheiro em uma empresa da família, e esta empresa só poderá ter sucesso e trazer lucros para mim se eu me dedicar a ela, todos os dias da minha vida. Eu jamais possuirei o dinheiro todo que recebi como herança, mas saberei que o sucesso da empresa representa tudo que pude oferecer a ela.
No dia dos namorados faça seu maior investimento, ofereça o ‘seu amor’. Não tenha medo! Você descobrirá que quanto mais você investe no amor, mais capacidade de amar você possui. E se por acaso ele ou ela não estiver disposto a continuar voando do seu lado, na mesma direção, respire fundo, sempre há alguém buscando uma companhia disposta a amar.
_______________________
* Élison Santos, Psicólogo e Palestrante
0 Comments:
Postar um comentário