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A chegada de meu sobrinho encheu por inteiro de luz as nossas vidas. Quando ele nasceu, era uma criança que costumávamos chamar de “normal”, e assim mesmo foi seu desenvolvimento nos primeiros 6 anos de vida. Ou assim acreditávamos.

Os primeiros anos de escola foram basicamente normais; no entanto, quando começou o primeiro ano do ensino fundamental, começaram os desafios. Ler e escrever, para ele, foram um suplício, ao ponto que os problemas com a professora subiram de tom. O segundo ano foi pior, chegando até a ser maltratado pela professora. Ele não suportou mais o abuso escolar e não quis voltar a esse colégio.

Foi quando a batalha começou. Conseguimos arranjar-lhe uma escola pública onde o aceitaram no meio do ano e ali a professora, uma mulher com mais paciência e mais experiente, recomendou que minha irmã levasse meu sobrinho a um especialista, e ela o fez.

Depois de uma incrível quantidade de exames médicos, testes de inteligência e consultas até com psiquiatras e psicoterapeutas, meu sobrinho foi diagnosticado com Síndrome de Asperger.

Saber disto foi muito complicado, doloroso, por assim dizer, porque ninguém está preparado para enfrentar uma situação dessas. Apesar disso, a vida nos mostrou que não é tão complicado como pensávamos, e que fomos muito abençoadas ao sermos escolhidas para criar uma criança como ele.

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Asperger, uma condição do espectro autista
Como disse no início, para nós, o meu sobrinho era uma criança relativamente normal. Olhava para nós e ria conosco, interagia como se supõe que toda criança deva fazer, caminhou no tempo certo; tudo como uma criança completamente saudável. Também havia nele aspectos que não eram de todo comuns, mas para ser franca, jamais prestamos muita atenção a isso porque “cada criança é diferente”.

Vocês dirão que, sendo eu profissional em psicologia, deveria me dar conta de sua condição, mas, a verdade é que não se pode ser objetivo quando se trata de um ser que amamos com toda a alma. A única coisa que notei foi sua forma de falar, lenta, calma, pausada e sofisticada, algo que não é nada normal em uma criança comum.

Ao receber o diagnóstico, todas as suas características particulares encaixaram no quebra-cabeça
Foi assim que chegamos a compreender por que ele não escrevia ou falava diferente, por que estava tão obcecado com os videogames, por que não atendia quando se lhe chamava ou não comia nem dormia muito bem.

Esses e muitos outros aspectos nos ensinaram a viver de uma maneira diferente. Foi assim quando aprendemos a apreciar o menino com quem convivíamos, que crescia e aprendia em um mundo diferente do dos demais.

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