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 As caixinhas de som, populares entre banhistas por sua portabilidade e potência, estão gerando controvérsias nas praias brasileiras. O incômodo causado a quem não deseja ouvir a música alheia levou a uma crescente proibição do dispositivo em várias cidades costeiras.



Desde 2018, pelo menos 23 cidades em dez estados proibiram as caixinhas de som, mas mutirões de apreensão mostram que a proibição muitas vezes não é respeitada. O movimento “anticaixinha” ganhou força no Sudeste e Sul, resultando em apreensões e multas.

No Guarujá, litoral paulista, fiscais retiraram 38 caixinhas desde o início de 2024, com multas de mais de R$ 1 mil. Em Marataízes, litoral Sul do Espírito Santo, a Guarda Municipal apreendeu 19 caixinhas apenas na primeira semana de 2024. No Rio de Janeiro, onde a restrição começou em janeiro de 2022, 48 equipamentos foram recolhidos em 2023, com multas variando entre R$ 522 e R$ 5.221. Defensores da medida buscam estendê-la a outras fontes de som, como quiosques.

Apesar das críticas, a proibição é vista como uma forma de promover uma convivência mais harmônica nas praias. No entanto, há resistência por parte de frequentadores acostumados à música na areia, que argumentam a falta de bom senso na aplicação das regras.

Alguns defendem que a medida deve incluir não apenas banhistas, mas também estabelecimentos e quiosques na orla. Em alguns locais, o movimento anticaixinha tem encontrado resistência e projetos de lei foram arquivados, alegando inconstitucionalidade e falta de critérios bem definidos.

O antropólogo social Bernardo Conde expressa preocupação com a proibição, associando-a ao individualismo predominante entre frequentadores de maior renda, o que pode resultar na redução da interação social no espaço público.

“As camadas mais ricas tendem a caminhar mais para esse modelo individualista, enquanto as de menor renda, periferias e as zonas rurais ainda são muito marcadas pelas relações pessoais e pela proximidade, onde as coisas são negociadas sem o intermédio de tantas regras”, disse Conde. “Há uma tendência de desaparecimento das caixas de som porque, à medida que a gente constrói uma sociedade mais regrada, em que os espaços vão sendo respeitados, essas ferramentas vão sumindo gradativamente”.

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