No relacionamento, é preciso ficar atento ao ressentimento de cada dia
A dificuldade de relacionamento e a possibilidade da mágoa não estão ligadas ao fato de sermos mais ou menos santos. Santidade é fruto de superação. Aliás, muitos santos só chegaram ao estágio de santidade exatamente porque conseguiram superar seus problemas de convivência. Ao lermos a vida dos grandes santos, vemos como souberam amar, perdoar, relegar, passar por cima, voltar… Foram mestres em relacionamento não porque não tiveram problemas, mas porque aprenderam a superá-los e a resolvê-los de modo correto.
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Problemas existem, dificuldades de relacionamento são relativamente normais. Não podemos, sob nenhuma hipótese, permitir que essas dificuldades se transformem em ressentimentos.
Existem situações que fogem ao nosso controle e acabam por gerar desentendimentos. Mas isso jamais pode ser obstáculo para que vivamos como irmãos e nos amemos cada vez mais. O segredo é não deixar as mágoas se transformarem em ressentimento. A verdade precisa aparecer sempre.
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É preciso aprender a expressar nossos sentimentos positivos e também os negativos. Não adianta querer se martirizar guardando tudo no coração. Mas é preciso aprender a fabulosa arte de se expressar, especialmente quando somos provocados por sentimentos de mágoas. Se já é difícil expressar os sentimentos bons, quanto mais expressar corretamente os sentimentos estragados. É preciso saber como falar e, acima de tudo, falar com o objetivo de fazer crescer, de desejar a cura do outro e não a sua destruição.
Ninguém está imune ao ressentimento
Ninguém consegue superá-lo só com alguns bons conselhos. O ser humano vive e se abastece pelo diálogo. Esse é o modo natural de comunicação. Mas parece que nos esquecemos de algo tão óbvio e evidente, e, diante dos problemas de relacionamentos, fechamo-nos num silêncio sepulcral. Sem a coragem de dialogar não existe a menor possibilidade de evitar que os problemas mais comuns do dia a dia acabem por se transformar em ressentimento.
Assim como a oração precisa ser sincera, o diálogo também deve obedecer a essa lei fundamental. Sinceridade significa estar desarmado. Não há como um diálogo ser canal de cura se eu for ao encontro do outro com o coração armado e pronto para criticá-lo, brigar com ele, ofendê-lo e culpá-lo. Isso não é diálogo, é provocação.
No diálogo fraterno e honesto, não pode existir a intenção de ofender o outro ou de devolver a ofensa recebida. Se existe essa intenção, é melhor deixar para outra hora. Tudo o que falamos na hora da exaltação e da raiva só ajuda a aumentar o problema e a aprofundar a ferida.
O diálogo só é curador quando ocorre num clima de amizade fraterna, com o objetivo de solucionar o problema; é curador se ajuda quem fala e quem escuta. Ou ajuda a curar os dois envolvidos no processo ou não é cura do ressentimento. Por isso, o diálogo curador exige a coragem de ouvir. É preciso colocar-se no lugar do outro, tentando enxergar o problema a partir do ponto de vista dele, tentando enxergar o problema a partir do ponto de vista dele, saber como ele está vendo e sentindo a situação.
Padre Léo – livro A cura do ressentimento
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