Por que a gente só começa a compreender as coisas como elas são após um longo período de existência? Por que a vida nos leva a passar por situações que, na adolescência não passaríamos? Por que para a maioria das pessoas o amadurecimento tende a demorar enquanto que para alguns, muito poucos, o amadurecimento chega mais rápido? Se a gente aprende cedo demais, diz que não vivemos o que devíamos viver. Se a gente demora a aprender diz que aprendemos tarde demais. Vivemos um eterno paradoxo. Não seria mais legal se ao completar cinquenta anos você tivesse a certeza que viveria mais cinquenta?
Mas a vida não é assim. As pessoas não são assim. As coisas não são assim. Fala-se em destino, fala-se em construir a própria história. Fala-se ainda em escolhas, em livre arbítrio, em dizer sim, quando você quer dizer não e em dizer não quando você quer dizer sim. Perdemos oportunidades, somos abandonados pela sorte, surpreendidos pelo amor, ignorados pela ingratidão, desiludidos pela amizade. Dizemos palavras que nunca gostaríamos de tê-las dito. Esquecemos quem mais amamos, perdoamos sem compaixão, odiamos ser perdão.
Enquanto escrevo este texto, procuro as frases que eu deixei de lhe dizer, a expressão que não consegui imprimir, o sorriso que muitas vezes faltei. Não vou viver mais 50 anos. Não é pessimismo, não é desilusão, não é lástima. É a vida. E viver é um dom gratuito de Deus!
Entretanto, contudo, não obstante, nem por isso, vou deixar de trabalhar todos os dias, amar cada vez mais minha esposa, beijar todos os dias meu filho, apertar calorosamente a mão do meu amigo e incentivar aqueles que um dia viverão o que eu vivi. Cada um a sua maneira, cada um a seu tempo, cada um a seu jeito. Quando eu morrer quero que escrevam o seguinte na minha lápide: “Ele foi o que deveria ter sido. Ele fez o que poderia ter feito e viveu até onde poderia ter vivido”.
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