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No início do século XVIII, colonos portugueses começaram o povoamento de São Pedro do Rio Grande nas proximidades do rio Grande, atual rio Jequitinhonha. Inicialmente habitada por índios Botocudos, catequizados pelos jesuítas que aí fundaram a capela de Nossa Senhora de Madre de Deus. A pequena capela foi a primeira construção do local. Durante muito tempo a cidade foi importante porta de entrada para Minas Gerais, através do Rio Jequitinhonha, única via navegável até Salto da Divisa.
beira rio restaurada

Situado numa planície entre o rio Jequitinhonha e o oceano Atlântico, esse município floresceu nos bons tempos do cultivo do cacau, no final do século XIX. Em 1891, passou à categoria de cidade, inicialmente com o nome Belmonte do Jequitinhonha. Historiadores supõem que o nome Belmonte foi sugerido pelo ouvidor de Porto Seguro, em homenagem à cidade homônima portuguesa, onde nasceu Pedro Álvares Cabral.

A suposição histórica leva a crer que os primeiros “sinais de terra” (ervas flutuantes, troncos de árvores e raízes) avistados pela esquadra de Cabral, tenham partido do rio Jequitinhonha, que há 500 anos deveria ser mais caudaloso, arrastando espécies da Mata Atlântica que ficavam boiando ao sabor das correntes marinhas. Na foz do Rio Jequitinhonha existe manguezais com a vegetação típica que inclui caules retorcidos, com o emaranhado de seus galhos rugosos e raízes entrelaçadas à mostra, além de uma fauna riquíssima.

restaurada praça da matrix

A cidade de Belmonte foi uma das estrelas da época áurea do cacau e até o começo da década de oitenta a cidade foi o mais importante pólo econômico da região. Mas, infelizmente, essa época de prosperidade acabou com a chegada da grande praga que assolou as plantações de cacau conhecida como “Vassoura de Bruxa”. Com a queda vertiginosa da produção, a cidade caiu no ostracismo e teve uma grande redução da sua população que começou a migrar para os municípios vizinhos em busca de oportunidades de emprego.


belmonte 080
Construção do cais

De grande pólo econômico, a cidade passou à irrelevância e a viver por muitos anos em função da Prefeitura, que passou a ser a única fonte de emprego onde se podia receber o valor de um salário mínimo, já que, o comércio local perdeu a rentabilidade com a crise do cacau e a redução da população economicamente ativa. Os poucos comércios que sobraram não conseguiam pagar os seus funcionários um salário digno e a mão-de-obra que continuou trabalhando nas lojas teve que aceitar trabalhar para ganhar pequenas comissões e esperar uma oportunidade melhor.

Av. Beira Rio - Praça da Matriz Atual
Av. Beira Rio – Praça da Matriz Atual
Em 1996, depois de ter sofrido com a queda da produção de cacau e se tornado um pequeno município de pouca importância na Costa do Descobrimento, os belmontenses viram uma grande luz no fim do túnel. Estamos falando do anúncio da implantação da Fábrica de Celulose da empresa Veracel e a localização da unidade seria no local onde existia o antigo povoado da Maurilia. O fato foi comemorado pelos belmontenses porque a cidade iria faturar com os impostos e empregos que seriam gerados. Infelizmente a alegria durou pouco e Belmonte sofreu um grande golpe dado por políticos da cidade e da região. O fato foi que, do dia pra noite, o povoado da Maurilia que sempre pertenceu à cidade de Belmonte, em um passe de mágica, se tornou parte do território de Eunápolis. De lá pra cá, em todas as eleições municipais, o tema vem à tona e os políticos debatem para um colocar a culpa no outro, sendo que, todos têm culpa por não lutarem e deixarem Belmonte com um prejuízo incomparável.

Alguns anos depois Belmonte ainda teve mais uma chance para crescer. Estamos falando da matéria veiculada no Anuário da Revista Exame que constava que a cidade foi escolhida por Cadeias Hoteleiras da Espanha, Inglaterra, Suiça e França para a construção de cinco Risorts no local totalizando um investimento de quase 340 milhões de reais, o equivalente a 28 vezes o orçamento do município na época. Juntos, esses resorts criariam 600 empregos diretos e outros 1 200 indiretos. Ou seja: 10% de toda a população da cidade estaria empregada ou trabalhando graças aos novos empreendimentos prometidos na época. “Estamos nos preparando para uma chacoalhada no perfil econômico do município”, disse o Secretário de Turismo de Belmonte, Eráclito Lima Santana em entrevista à imprensa.

Infelizmente, a falta de vontade política e manobras de ambientalistas junto à Área de Proteção Ambiental (APA – Santo Antonio), derrubaram mais uma vez os sonhos dos belmontenses. Os ambientalistas tomaram conta das reuniões e da administração da APA e impediram a aprovação dos projetos exigindo condicionantes onerosas que deixaram os projetos inviáveis na época, com isso, Belmonte voltou mais uma vez à sua posição inicial de “primo pobre” da Costa do Descobrimento. O mais revoltante é que, as forças políticas da época pouco fizeram para tentar resolver a situação. O que víamos eram políticos calados aceitando as leis impostas pelos ambientalistas e aceitando esse grande castigo para o povo belmontense. O interessante é que projetos de maior impacto ambiental foram aprovados tempos depois para o povoado de Santo André onde os ambientalistas assistiram calados diversas caçambas aterrando uma ilha no meio do Rio João de Tiba. Hoje há informações que alguns projetos foram aprovados, mas os empresários perderam a onda do momento e esperam melhorias na economia para conseguirem os investimentos prometidos. O tempo se passou e o que vemos hoje são algumas construções que figuram como monumentos ao atraso belmontense que insiste em assolar a cidade.

Em 2012, Belmonte se viu mais uma vez ludibriada por mais uma manobra política que prometeu e até começou a tão sonhada estrada Belmonte X Canavieiras no intuito de eleger um grupo político e, principalmente, um deputado estadual que jurava na época que realizaria o grande sonho dos belmontenses. Mas, depois das eleições e dos votos conseguidos, o grande sonho caiu no esquecimento logo depois da estrada ser embargada pelo IBAMA pela mesma não ter nenhuma licença ambiental. Os políticos que estavam no comando colocaram a culpa na oposição e esqueceram o projeto deixando todo o trabalho encher de mato depois de consumir por volta de dois milhões de reais.
Terminal Marítimo de Belmonte - Veracel Celulose
Terminal Marítimo de Belmonte – Veracel Celulose

Apesar dos vários golpes, o povo belmontense vem sobrevivendo e sonhando com um futuro melhor. A cidade hoje conta ainda com a Prefeitura como principal fonte de emprego, só que, os belmontenses também contam com o Terminal Marítimo da Veracel como alternativa e alguns ainda conseguiram se empregar na fábrica da Veracel. Além dessas três alternativas, os belmontenses ainda contam com as lavouras de mamão, de maracujá, com o cultivo da piaçava e com algumas fazendas que ainda lutam para cultivar as lavouras de cacau.

Mas ainda há muito que se fazer e durante toda a sua história Belmonte sofreu por falta de atitude do nosso povo e dos nossos líderes políticos, mas os belmontenses hoje pensam diferente e exigem outro tratamento. Podemos ver isso nas urnas onde as eleições passaram a ser disputadíssimas e onde os políticos estão vendo os seus votos de cabresto sendo perdidos para uma nova forma de fazer política. Estamos às portas de um novo tempo e temos certeza absoluta que dias melhores virão.
 
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