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Abatedouro do tráfico já havia sido palco de outro crime envolvendo sexo

Um ano antes, traficante atirou na cabeça de uma jovem que se recusou a ter relações sexuais com ele, no mesmo local onde ocorreu estupro coletivo

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A casa de um cômodo chamada de “abatedouro”, no Morro da Barão: cenário de estupro - Reprodução/polícia
RIO - O estupro da jovem de 16 anos por traficantes do Morro do Barão, na Praça Seca, que ocorreu em dois momentos diferentes entre os dias 21 e 22 de maio, e que chocou a opinião pública a partir da divulgação de imagens da vítima na rede, não foi o primeiro crime envolvendo sexo cometido na casa conhecida como 'abatedouro'. Cerca de um ano antes, o traficante Bruno Neves Nascimento, conhecido como Rato, deu um tiro na cabeça de uma jovem de 14 anos depois que ela se recusou a fazer sexo com ele. O crime ocorreu em 11 de junho de 2015.
Segundo depoimento de testemunhas, neste dia quatro jovens teriam ido de táxi ao morro para participar de um programa pelo qual cada uma receberia R$ 100 e drogas. Rato teve relações com uma das jovens e, quando tentou agarrar a outra, esta se recusou por considerá-lo muito fedorento. Irritado, o traficante virou o rosto da adolescente e disparou. Baleada, a menina caiu no sofá e o rapaz fugiu.
A jovem foi socorrida por amigas e levada para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra. O caso passou a ser investigado pela 28ª DP (Campinho) , e na ocasião a Polícia Militar chegou a realizar operações na comunidade do Barão e de São José Operário para prender o traficante. Na noite do dia seguinte, uma quinta-feira, o corpo de Rato foi encontrado em um dos acessos ao Morro São José Operário, e o crime passou a ser investigado pela Divisão de Homicídios (DH).
Policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav) que investigam o estupro coletivo da jovem, de 16 anos, levantaram que o abatedouro fica próximo ao QG do tráfico de drogas, e é utilizado por traficantes para programas sexuais. Foi para lá que a adolescente que sofreu o estupro coletivo foi carregada ainda no sábado dia 21. De acordo com as investigações, ela teria adormecido sozinha em outra casa da favela, onde antes havia tido relações sexuais com Raí de Souza, de 22 anos, que deixou o local por volta de 10h, acompanhado do jogador Lucas Perdomo Duarte Santos e de outra adolescente.
Descoberta desacordada na casa pela quadrilha , ela teria sido carregada pelo traficante Moisés Camilo de Lucena, para o abatedouro que fica na parte alta do morro. Ali, cerca de nove traficantes teriam estuprado a jovem, que ficou até a noite de domingo no local, quando foi novamente descoberta por Raí. Ele, Raphael Assis Duarte Melo, de 41 anos, e um traficante identificado apenas como Jefinho subiram o morro por volta de 19h30m do domingo, quando avistaram a adolescente nua, desacordada e com sinais de violência no corpo. Foi neste momento que eles filmaram com o celular de Raí as imagens da jovem que circularam na internet divulgando para o mundo o estupro coletivo. Como manipularam o corpo da jovem, eles também respondem pelo crime, conforme prevê a lei.
A partir daí, o caso passou a ser investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), passando depois para a Dcav, a partir da descoberta de que a vítima era menor de idade. Até agora, já foram identificados pelo menos sete agressores, dois deles, Raí e Raphael já estão presos no complexo de Gericinó. O jogador Lucas Perdomo, que chegou a ser preso no primeiro momento, teve a prisão relaxada nesta sexta-feira, mas sua participação no episódio ainda é investigada no inquérito
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