Aluguel, condomínio, conta de luz, água, internet, botijão de gás, escola das crianças, tanque de gasolina.
Com tantos boletos a valores reajustados e o salário que se mantém o
mesmo, parte dos brasileiros não está conseguindo fechar as contas no
final do mês. Para um em cada quatro brasileiros falta dinheiro e sobram
dívidas. Uma pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria
(CNI) revela que 69% da população não consegue guardar dinheiro, vivendo
em um cenário no qual é difícil sair do vermelho.
A situação ainda é reflexo da pandemia da Covid-19 e da guerra na
Ucrânia, que causaram a elevação de preços de bens importantes como luz,
gás, arroz, feijão e carne. O gerente de análise econômica da CNI,
Marcelo Azevedo, explica que os entrevistados procuram uma forma de
postergar os gastos. “Recorrendo a empréstimos, adiando algumas contas,
cartão de crédito, enfim, empurrando na medida do possível, sem
conseguir poupar e sem conseguir consumir. Sem o consumo, a roda da
economia brasileira vai travando, tem uma menor produção, com produção
menor, tem uma menor criação de empregos, menor investimento. O processo
de recuperação da economia, que poderia ser mais forte com uma economia
mais forte, com um consumo mais forte, vai sendo mais lento, travado”,
diz.
Com as contas básicas no vermelho, 64% da população cortou gastos
desde o início do ano; uma parte atrasou as contas de luz e água,
enquanto outra deixou de pagar o plano de saúde; e alguns ainda tiveram
que vender bens para quitar as dívidas. Quase metade dos entrevistados
pela pesquisa da CNI parou de comer fora de casa; alguns relataram a
redução de gastos com transporte público, alimentos e despesas com lazer
e itens como roupas e sapatos. Por outro lado, o brasileiro ainda tem
esperança. Azevedo ressalta que os entrevistados se mostraram otimistas
com os próximos meses.
“Apesar de tudo, de todas as restrições, das dificuldades trazidas
pela pandemia e, recentemente, por conta da guerra na Ucrânia, que
trouxe uma pressão muito forte nos preços, a gente percebe um otimismo
da população, que espera chegar ao final do ano numa situação melhor do
ponto de vista financeiro que no momento. Isso se deve muito à
recuperação do mercado de trabalho e da própria economia, que apesar das
dificuldades, a gente percebe alguma recuperação em curso, que dará um
ânimo, um aumento na renda das famílias”, diz. Apesar do otimismo de 61%
dos entrevistados, apenas 14% pretendem aumentar os gastos até o final
do ano.
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