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Rildo, durante a realização de um dos seus painéis artísticos, apagado pela prefeitura dias depois.
Rildo, durante a realização de um dos seus painéis artísticos, apagado pela prefeitura dias depois.

Ilhéus, apesar de ser celeiro de grandes artistas, na maioria das vezes, através das gestões municipais que se sucedem, trata seus filhos como uma espécie de madrasta má. São inúmeros os casos de grandes talentos, seja na música, ou no teatro, que por aqui são obrigados a conviver com um quase convencionado não apoio.

Enquanto as portas se abrem para quem vem de fora, a realidade dos artistas locais é o pleno desprezo e desrespeito por parte do poder público municipal.

Um bom exemplo para essa situação é a forma como vem sendo tratado um dos maiores artistas plásticos da região, Rildo Foge.

Com uma capacidade impressionante de dar vida a muros acinzentados, e transformar os cantos antes esquecidos da cidade em verdadeiras galerias de arte, Rildo confessa estar bastante entristecido com os últimos acontecimentos que protagonizou.

Pois bem, vale ressaltar que, seja com as intervenções estéticas típicas do grafite, ou como um surpreendente retratista da Ilhéus de outrora, a arte do nosso querido Rildo é feita de maneira independente, sem nenhum apoio da prefeitura ou de políticos aventureiros que costumam fazer piseiro por essas bandas em tempos de eleição.

Graffite de Rildo, antes, e depois de ter sido alvo de vandalismo de pessoas ligadas à um candidato a deputado federal.
Graffite de Rildo, antes, e depois de ter sido alvo de vandalismo de pessoas ligadas à um candidato a deputado federal.

Mas a situação ganha contornos de drama, caso resolvamos trazer à tona os últimos episódios envolvendo o citado artista e alguns políticos locais. Tais, ao invés de reconhecerem a importância social da arte, e buscarem formas de incentivá-lo, agem na contramão, flertando com a mais completa demonstração de ignorância. Ou seja, prejudicam o nosso tão querido artista.

O primeiro episódio se deu através da postura mais repugnante possível: a censura. Sim, há alguns meses, após Rildo dar vida a um muro, na base do plano inclinado, que dá acesso ao bairro da Conquista, o prefeito Jabes Ribeiro, incomodado com as imagens de ratos desenhados pelo artista, mandou apagar a arte, devolvendo a “não vida” ao muro pálido e sem expressão. Umas das atitudes mais repugnantes já protagonizadas por um gestor municipal ilheense e que revoltou muitos amantes da arte. (Relembre AQUI)

E para dar contornos ainda mais tristes à conflituosa relação Rildo-políticos ilheenses, os membros de uma riquíssima e imponente campanha de um postulante ao cargo de deputado federal, não quiseram nem saber se entre o cimento e o contemplar coletivo havia uma obra de arte. Sem pestanejar, cobriram um grafite feito por Rildo e mais dois artistas, com cartazes estampando o rosto e o número do cidadão. Pouco importou a arte, pouco importou o sentimento em questão. O importante foi divulgar o candidato, nem que para isso fosse necessário passar por cima de tudo. Até mesmo da arte.

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