Na última quarta-feira (20), um acordo entre a Defensoria Pública da Bahia e a Secretaria de Administração e Ressocialização Penitenciária da Bahia (Seap) foi firmado para implantação de alas específicas para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais custodiados nos presídios da Bahia.
Além da criação de alas voltadas aos prisioneiro LGBT, a implantação da Resolução conjunta nº 01/2014 de abril deste ano do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e do Conselho Criminal de Combate à Discriminação determina também a qualificação dos parâmetros de acolhimento aos aprisionados.
Segundo o fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB) e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Luiz Mott, as novas determinações não se tratam de grandes avanços para o LGBT e sim cumprimento aos direitos. “Tais medidas não são privilégio, mas garantia de direitos iguais, nem menos nem mais!”, afirmou. Mott afirma que nas cadeias os gays e travestis costumam ser vítimas de abuso sexual, obrigados muitas vezes a fazer trabalho doméstico escravo.
Para com o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, a norma chegou atrasada, porém, em boa hora. "Essa norma de alguma maneira acaba diminuindo a situação de exploração vivida pelos indivíduos homossexuais que estão no sistema penitenciário. É preciso preservar os direitos LGBT, assim como o bem estar e saúde de todos eles", alertou.
Primeiramente, o projeto piloto atenderá a Cadeia Pública, no Complexo da Mata Escura, e o Presídio de Feira de Santana, no interior. Dentre as melhorias estão o registro do nome social na admissão de travestis e transexuais no estabelecimento prisional; o direito à visita íntima; atenção integral à saúde, atendidos os parâmetros da Política Nacional de Saúde Integral LGBT; manutenção do tratamento hormonal para travestis e transexuais, além de capacitação continuada aos profissionais dos estabelecimentos na perspectiva dos direitos humanos e princípios de igualdade e não discriminação.
De acordo com a subcoordenadora da Especializada de Direitos Humanos, Bethânia Ferreira, a implantação de alas específicas são apenas as primeiras medidas de preservação aos direitos LGBT. "O ambiente prisional brasileiro é extremamente difícil, machista e de disputa de poder. LGBTs custodiados estão com a liberdade privada, mas essas pessoas têm outros direitos que precisam ser preservados. A criação de alas específicas é apenas uma das medidas de construção da implantação desses direitos previstos na Resolução", projetou.
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