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“Não me deixe morrer”, dizia o goleiro Jackson Follmann, da Chapecoense

Segundo Camilo Taborda, um dos primeiros bombeiros a chegar ao local do acidente, o baixo risco de explosão ajudou no resgate

MAURICIO BUILES| DE LA UNIÓN
29/11/2016 - 20h51 - Atualizado 30/11/2016 09h46
Local da queda do avião da Chapecoense (Foto: Mauricio Builes/ÉPOCA)
“Não me deixe morrer… não sinto as pernas, não me deixe morrer.” Essas foram as únicas palavras que o goleiro Jackson Follmann repetia, vez ou outra, a Gloria Ramírez, da equipe da Defesa Civil da Colômbia, quando foi encontrado preso entre poltronas e pedaços da fuselagem do avião da LaMia CP2933. A aeronave caiu na madrugada desta terça-feira (no horário de Brasília, ainda noite de segunda-feira em Medellín), no município La Unión. O local do acidente fica a uma hora e meia de carro de Medellín e somente a cinco minutos de voo da pista do aeroporto de José María Córdova.
Jackson, goleiro da Chapecoense, foi o primeiro dos seis sobreviventes a ser resgatado. “É um milagre que estejam vivos”, disse Jorge Restrepo, um dos socorristas voluntários. Estava na parte traseira do avião e foi graças a seus gemidos que o localizaram com facilidade entre os escombros. O Hospital San Vicente Fundación de Rionegro informou que a perna direita de Jackson teve de ser amputada.
Time da Chapecoense durante partida contra o Palmeiras no ultimo domingo (27/11) no Allianz Parque, zona oeste de Sao Paulo. Na foto no banco de reservas o tecnico Caio Junior (de preto), o goleiro Follmann (de vermelho) e o atacante Kempes (direita) (Foto: Marcello Fim / FramePhoto / Ag. O Globo)
De acordo com os primeiros relatos das autoridades, o avião caiu por volta das 22h40 de segunda-feira (28). Não estava chovendo e a neblina era considerada normal na região fria e montanhosa de La Unión. As primeiras equipes de resgate conseguiram chegar ao ponto da queda quase uma hora depois, já que só é possível o acesso a pé. Homens e mulheres dos bombeiros, da Cruz Vermelha, da Polícia local e da Defesa Civil foram se aproximando das peças brancas da fuselagem – os únicos pontos que se destacavam visíveis na escuridão do terreno de mata íngreme. No início, trabalharam à luz de lanternas. Em seguida, chegaram refletores de grande intensidade de Medellín, que revelaram o cenário da tragédia: poltronas, cabos, latas, vidros, árvores derrubadas, lama, malas e corpos despedaçados.
Segundo Camilo Taborda, um dos primeiros bombeiros a chegar, o lugar só tinha odor de terra úmida. “Não havia fogo, não tinha cheiro de gasolina. Isso nos deu mais tranquilidade para poder trabalhar”, disse. “É a pior cena que já vi em quase 20 anos de trabalho nos bombeiros.”
Todas as operações de resgate foram suspensas às 3 horas da manhã. A essa hora, a neblina forte e a chuva impossibilitaram o trabalho de mais de 140 pessoas que estavam no local. Alguns deles conseguiram abrigo nas casas vizinhas. Antes do amanhecer, as condições de tempo melhoraram e três helicópteros Black Hawk da Força Aérea Colombiana começaram a aterrissar para levar os corpos até o aeroporto local de Medellín. Lá estava ocorrendo o processo de identificação por parte de familiares e amigos.
Segundo Jaime Sanín, um dos médicos que estavam cumprindo turno na Clínica Somer de Rionegro (a 40 minutos de La Unión), Ximena Suárez, outra das sobreviventes, chegou à emergência com algumas mutilações e ferimentos na pele, mas plenamente consciente. Ela fazia parte da tripulação boliviana no comando do voo. Antes de ser internada, disse que a única lembrança que tem antes do acidente era das luzes que estavam falhando dentro do avião. Seu relato coincide com a informação dada pela Torre de Controle do aeroporto de Medellín, que disse que os pilotos, em uma das últimas comunicações, reportaram falhas elétricas no avião.
Os sobreviventes restantes (Erwin Tumiri, Alan Ruschel, Rafael Valmorbida e Hélio Hermito Neto) também estão sendo atendidos em clínicas e hospitais da região. A partir da checagem das listas de embarque dos passageiros no Brasil, na Bolívia e na Colômbia, concluiu-se que o voo transportava 68 passageiros de origem brasileira e nove tripulantes de origem boliviana. Até o momento, as operações de resgate acharam 69 corpos de vítimas. Dois corpos estão em processo de resgate. Dos 77 a bordo, há seis sobreviventes sendo atendidos em clínicas e hospitais.
Operação de resgate das vítimas do voo que vitimou a Chapecoense (Foto: Mauricio Builes/ÉPOCA)
Local do desastre de avião que vitimou a Chapecoense (Foto: Mauricio Builes/ÉPOCA)

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