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Luiz Caldas não imaginava que ao lançar o disco intitulado Magia faria parte do marco da música baianaDivulgação
Ao completar 30 anos, homens e mulheres, aparentemente, entram em crise e costumam avaliar suas trajetórias. E aí surgem vários questionamentos: o que conseguiram construir ao longo dessas três décadas? O que poderiam ter feito e não fizeram? O que fizeram e se arrependeram? O que vai ser da vida daqui para frente? E com a Axé Music não poderia ser diferente. No ano em que comemora 30 anos, será que ela também está enfrentando um momento difícil? Responder a esse questionamento pode parecer mais complicado que muitas pessoas imaginam, devido aos diversos fatores que tornam o tema complexo.

O doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas Paulo Cesar Miguez avalia que a fase que a Axé Music está enfrentando ocorre com qualquer gênero musical, que acabada se esgotando com o passar do tempo.

 — Como todo gênero musical intensamente explorado pela indústria cultural, ele vai ter de tudo. Vai, inclusive, experimentar uma coisa que é comum aos gêneros que se submetem a uma intensa divulgação, intensa presença na mídia. Ele vai sofrer um pouco de fadiga de material. Ele tende a se repetir um pouco.

O termo Axé Music surgiu, pejorativamente, em 1987, quando o jornalista Hagamenon Brito decidiu criticar alguns artistas daquela geração. Ele explica que juntou a palavra Axé (empregada fora de contexto, pois significa sorte) ao sufixo em inglês Music, com a intenção de debochar da pretensão dos artistas que, nas entrevistas, enfatizam seu desejo em construir carreira internacional.

— Tudo que tinha uma característica carnavalesca demais, o jeito de vestir meio hippie, pés descalço, a gente chamava de coisa brega, chamava de Axé. E Luiz Caldas se encaixa dentro disso. Quando ele surgiu em 85, que lança o ‘Fricote’, que começa a tocar nas rádios e começa a fazer sucesso, ele personifica isso.

No começo, os artistas foram resistentes e renegaram esse rótulo. Ainda segundo Brito, o termo só foi aceito pela classe artística cinco anos depois, em 1992, quando a banda Beijo lançou um disco que estampava o termo na capa. No mesmo ano, a expressão ganha sentido nacional com Daniela Mercury, que realizou grande show no Masp (Museu de Arte de São Paulo). Atrelado a isso, ocorre aceitação da imprensa do sul. Com esse cenário promissor, os artistas baianos se rendem ao termo pop cunhado pelo jornalista para “marcar” uma época e a expressão cai nas graças dos cantores em Salvador.

— Quando a imprensa do sul começa a chamar aquela música de Axé Music, eles gostam, o povo daqui, os artistas daqui começam a gostar também e aí vai incorporando, vai perdendo a estranheza.
 
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