A Receita Federal alertou nesta quarta-feira (28) para a falsa
cobrança de pagamento em espécie ou depósito em conta corrente para
liberação de encomendas na Alfândega. Todos os tributos aduaneiros são
recolhidos por meio de DARF. Em nota, o órgão explicou que continua
recebendo um grande número de ligações de vítimas do chamado ‘golpe do
amor’.
Na Alfândega da Receita Federal no Aeroporto Internacional de São
Paulo, em Guarulhos, foi observado um aumento no número de ligações e
de e-mails de contribuintes querendo confirmar a instrução que receberam
para efetuar depósitos em contas de determinadas pessoas físicas para
terem liberados valores ou encomendas supostamente retidos pela Receita
Federal. As ligações diárias, que eram de cerca de 12 em 2019, passaram
para uma média de 24 em 2020 e chegaram a 35 em 2021.
Uma novidade detectada pela Alfândega de Guarulhos é que os golpistas
passaram a solicitar transferência por meio de Pix com o número da
chave. Em alguns casos, a vítima recebe um documento com o título
‘Desembaraço Alfandegário’ com descrições falsas, geralmente informando a
chegada de um pacote de dinheiro, dados da conta, forma de pagamento
Pix e o valor a ser pago.
Entenda o golpe
No ‘golpe do amor’, são feitas exigências de valores para que as
vítimas tenham acesso a bens e dinheiro em espécie que teriam sido
enviados pelos golpistas e estariam supostamente retidos em aeroportos.
A Receita Federal já recebeu relatos de casos em que golpistas
fizeram propostas de casamento e anunciaram que mandariam caixas
contendo presentes diversos, inclusive anel para o noivado ou dinheiro
estrangeiro em espécie.
Por vezes, o golpista, diz que quer morar no Brasil. A suposta
encomenda conteria parte da sua mudança para o país ou algo de valor
enviado a título de presente para a vítima. Alegando que a encomenda
estaria retida na alfândega, pede para vítima fazer reiterados depósitos
ou transferências em conta corrente, para promover a sua liberação.
Em outros casos, a quadrilha cria um roteiro de doença grave e são
enviadas fotos da pessoa (fictícia) sendo medicada. O golpista informa o
envio de seus bens e dinheiro para a vítima e pede depósito de valores
para o tratamento, justificando que tudo o que tinha já teria sido
enviado para o Brasil. A vítima então procura a Receita Federal para
receber a encomenda e descobre que ela nunca existiu.
Como acontece
– A vítima é escolhida pela quadrilha;
– Começam as tratativas amorosas mandando fotos da fictícia pessoa;
– Essa pessoa relata que está apaixonada e quer dar um presente ou se mudar para o Brasil para viver com a vítima;
– Diz que está mandando uma caixa (muitas vezes tira foto da mesma)
com numerários, joias etc., e que esta caixa ficou retida pela Receita
Federal e que, para retirá-la, a vítima tem que fazer uma transferência
ou pagar algum valor (geralmente em torno de R$ 2.500,00 a R$ 4.000,00);
– Às vezes, a vítima relata que uma pessoa, a qual se apresenta como
intermediária no envio da caixa, solicita que o depósito seja feito em
seu nome, ou parte dele;
– A vítima paga e depois a quadrilha a bloqueia e desaparece; ou
– Ela paga e vai na Receita Federal solicitar a caixa com o dinheiro e joias, após a quadrilha a bloquear; ou (se tiver sorte)
– Ela não faz o pagamento e procura a Receita Federal para explicações sobre o caso.
O golpe costuma ter início por meio de redes sociais. Os golpistas
criam perfis falsos, passando-se por estrangeiros em boas condições
financeiras e com empregos prestigiados e estáveis.
Para dar credibilidade, chegam a criar sites falsos de empresas de
remessas expressas (courier), inclusive com falso rastreamento da
suposta encomenda, e encaminham mensagens com informações de contatos
falsos de Fiscais da Receita Federal.