Os bombeiros encontraram ao menos trĂªs corpos que estavam em um vestiĂ¡rio da Vale e outros na Ă¡rea prĂ³xima a um trem neste domingo (3), o que fez o nĂºmero de mortos da tragĂ©dia de Brumadinho (MG) subir de 121 para 134 nesta segunda (4).
Destes, 120 jĂ¡ foram identificados, e outros 199 seguem desaparecidos.
A retirada das vĂtimas foi possĂvel porque a estrutura do vestiĂ¡rio colapsou apenas parcialmente, formando chamados "espaços vitais isolados" e impedindo que o local fosse totalmente invadido pela lama.
As buscas nessa Ă¡rea tiveram que ser suspensas nesta manhĂ£ por causa das fortes chuvas que atingiram a regiĂ£o desde a madrugada, mas foram retomadas no inĂcio da tarde e, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, as chances de se encontrar mais corpos ali sĂ£o grandes.
No outro local em que estavam as vĂtimas achadas neste domingo, prĂ³ximo Ă Ă¡rea administrativa e ao trem que aparece em vĂdeos da tragĂ©dia, os trabalhos foram facilitados porque as equipes tĂªm conseguido fazer escavações.
No sĂ¡bado (2), o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais RenovĂ¡veis) tambĂ©m achou dois fragmentos de corpos que foram arrastados atĂ© o rio Paraopeba, para onde a lama correu apĂ³s percorrer cerca de 10 km depois do rompimento da barragem.
Na manhĂ£ desta segunda, as buscas haviam sido concentradas perto do rio, com duas embarcações e a pĂ©, porque a chuva impedia o uso de helicĂ³pteros. Mas, depois que a precipitaĂ§Ă£o cessou, as equipes voltaram a ser deslocadas tambĂ©m para as chamadas Ă¡reas quentes, onde acredita-se haver mais corpos.
A partir desta segunda, os bombeiros usarĂ£o 15 mĂ¡quinas pesadas nas buscas --atĂ© agora eram cinco--, em locais mais prĂ³ximos Ă margem do rio, onde a lama estĂ¡ mais sĂ³lida. O efetivo que se reveza Ă© de cerca de 400 pessoas, sendo 200 militares mineiros, 100 de outros estados e 64 da Força Nacional, alĂ©m de voluntĂ¡rios.
As chuvas, que devem continuar nos prĂ³ximos dias, podem provocar deslizamento de rejeitos, colocando em risco as equipes. Por outro lado, amolecem partes especĂficas de lama que estavam endurecidas e facilitam as buscas por corpos boiando na Ă¡gua.
O avanço da pluma de lama no rio, que antes estava em 1 km por hora e agora corre em 0,3 km por hora, também se intensifica quando chove.
De acordo com Aihara, a reduĂ§Ă£o no nĂºmero de corpos encontrados Ă medida que o tempo passa jĂ¡ era esperada.
"Nos primeiros dias eles estavam em nĂveis superficiais, era mais fĂ¡cil localizĂ¡-los e retirĂ¡-los. Agora o trabalho Ă© muito mais meticuloso, tambĂ©m para nĂ£o prejudicar a identificaĂ§Ă£o", disse.
Ele afirmou que as buscas "certamente" vĂ£o demorar meses, "mesmo que sejam quatro ou cinco", e repetiu que as equipes sĂ³ vĂ£o parar quando for impossĂvel, por causa da decomposiĂ§Ă£o dos corpos. Citou a tragĂ©dia de Mariana (MG), em que morreram 19 pessoas e os trabalhos duraram mais de trĂªs meses.
Quanto Ă segurança da barragem 6, de Ă¡gua, a Defesa Civil frisou que as chuvas nĂ£o causam preocupaĂ§Ă£o. A drenagem reduziu seu nĂvel em 2,14 metros atĂ© agora, e ela continua sendo monitorada 24 horas por dia.
DOAÇÕES
A Defesa Civil de Minas Gerais agradeceu as doações de insumos vindos de todo o paĂs, mas ressaltou que agora nĂ£o Ă© necessĂ¡rio mais nenhum produto para as famĂlias atingidas. Novas doações podem atrapalhar a logĂstica de armazenamento e distribuiĂ§Ă£o