Tragédia no Fla faz 1 ano sem denúncias e com acordos pendentes
Há um ano, no dia 8 de fevereiro de 2019, um incêndio no centro de treinamento das categorias de base do Flamengo matou dez adolescentes com idades de 14 a 16 anos.
A tragédia completa 12 meses neste sábado (8) sem que o Ministério Público tenha denunciado possíveis responsáveis por ela. Além disso, a maioria das negociações entre clube e famílias por indenizações está pendente.
Veja perguntas e respostas sobre as consequências do episódio, além das principais dúvidas ainda em aberto sobre o caso.
- Como ocorreu a tragédia?
Na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, houve um incêndio nos alojamentos das categorias de base do Flamengo, no centro de treinamento George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, em Vargem Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Dias depois, os bombeiros afirmaram que o fogo começou em um ar condicionado instalado em um dos contêineres adaptados como quarto para os garotos.
- Quem foram as vítimas?
Os dez mortos eram jogadores da base do Flamengo. Todos tinham de 14 a 16 anos. Outros três ficaram feridos.
- O Flamengo tinha autorização para montar o alojamento no local?
Não. O clube já havia sido multado 31 vezes pela Prefeitura do Rio, e o alvará de funcionamento do espaço era para um estacionamento.
- O alvará do Ninho do Urubu está regular?
Hoje em dia, sim. O clube recebeu o alvará definitivo da Prefeitura do Rio no final de maio do ano passado, pouco mais de três meses após a tragédia.
- Alguém foi responsabilizado judicialmente?
Até agora, não. Um inquérito realizado pela Polícia Civil indiciou o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, três funcionários do clube, outros três da NHJ, empresa responsável pela fabricação dos contêineres, e um técnico em refrigeração. Por duas vezes, o Ministério Público devolveu o inquérito à polícia para esclarecimentos e busca por mais provas. A última vez que isso ocorreu foi em dezembro do ano passado.
- Existe a possibilidade de essas pessoas serem denunciadas pelo Ministério Público?
Depende das novas investigações da Polícia Civil, ainda em andamento. O inquérito apura indícios de dez homicídios com dolo eventual (quando não há intenção, mas se assume o risco de matar).
- Como estão os sobreviventes?
Dos 14 garotos que estavam no alojamento naquela noite e que sobreviveram ao incêndio, nove continuavam no Flamengo até o final de 2019, quando os outros cinco (Felipe Cardoso, João Vitor Gasparin Torrezan, Naydjel Callebe Boroski Struhschein, Wendel Alves Gonçalves e Caike Duarte Pereira da Silva) foram dispensados do clube.
- Flamengo pagou as multas devidas à Prefeitura?
Segundo o Poder Público municipal, todas as multas foram quitadas pelo clube.
- Que tipo de assistência o Flamengo presta às famílias?
A Justiça determinou em dezembro que o clube pague R$ 10 mil de indenização por mês a cada uma das dez famílias de vítimas. O Flamengo considera o valor excessivo e entrou com recurso para anular a decisão, mas tem depositado a quantia. Antes disso, pagava R$ 5 mil mensais, o que considerava um gesto de boa vontade. O clube afirma ter oferecido também apoio psicológico às famílias.
- Foram fechados acordos de indenização?
Até o momento, o Flamengo fechou acordo com três famílias (as de Athila Paixão, Gedson Santos e Vitor Isaías) e com José Lopes Viana, pai de Rykelmo de Souza Viana. Os valores de indenização estão sob sigilo, e há previsão no contrato de multa de até R$ 500 mil em caso de quebra de confidencialidade.
- Quantas entraram na Justiça?
A única ação até o momento é a de Rosana Viana, mãe de Rykelmo, que pede a anulação do acordo feito pelo pai, além de R$ 6,9 milhões entre indenização e pensão. Mas os advogados das famílias de duas vítimas (Jorge Eduardo e Christian Esmério) afirmam estarem com os processos prontos para serem protocolados nos próximos dias.
- Novas ações na Justiça podem ser iniciadas?
Sim, as famílias de mais seis vítimas aguardavam um acordo com o Flamengo, mas dizem que os contatos do clube cessaram no segundo semestre do ano passado e que não têm sido procuradas. Advogados delas afirmam que podem entrar com processos de indenização.
- O que o clube diz sobre essas negociações?
O presidente Rodolfo Landim afirmou que o clube está aberto a negociações, mas dentro de um teto estabelecido pela diretoria. Ele não citou valores.
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