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Pawlo Cidade

Já aprendi muitas coisas nesta vida. Reaprendi, refiz, errei, refiz, errei de novo. Assim como você, seu irmão, seu amigo, seu inimigo, todos nós somos seres humanos, imperfeitos, incompreensíveis e, muitas vezes, insensíveis. Já fiz 50 anos e me aproximo nos próximos dias dos 51! Ainda bem que não curto “uma boa ideia”! Curto sim, uma ideia boa. Para quem não entendeu a piada, faço aqui uma referência e, ao mesmo tempo uma analogia, à aguardente que ficou famosa por este slogan e pelo número que acabei de mencionar e que completarei no dia 23 de junho, véspera de São João.

A vida é uma dádiva de Deus e a gente às vezes não compreende como ela é tão rápida, tão efêmera, tão única. Aprendi a não me apegar a cargos, mas não consigo me desapegar das pessoas. Tenho as pessoas, sobretudo as que guardo do lado direito do peito, um apego incomum, que muitas vezes atrapalha, confunde, machuca. Machuca a mim mesmo. Esse negócio de se entregar 100% em tudo que faço parece ser uma grande virtude. Mas não sei até que ponto isso não é um defeito. Eu sei que você, assim como eu, sabe o que estou dizendo.

Não me faz bem desejar o mal, não me faz bem ver o outro sofrer, não me faz bem deixar cair a lágrima de uma amiga, de um amigo, do meu amor. Me faz bem não deixar as lágrimas caírem. Mas a gente é falho. A gente fala coisas que não gostaria de falar. E aí, quando se dá conta, perde a oportunidade quando a flecha é lançada e não volta mais. Perde a chance de dizer a palavra certa, na hora certa. Porém, se a palavra dita fere, por mais que você queira justificar, não vai conseguir. A vida é assim.

Mas Jesus nos ensinou, naquela passagem da mulher adúltera quando, no primeiro momento em que os fariseus chegaram com ela perguntando-lhe o que eles deveriam fazer e Ele escrevendo na areia estava escrevendo ficou, por alguns segundos. Mas como eles insistiram, Ele falou. E a resposta vocês conhecem. É isso, pensar primeiro, falar depois.

Na política pública, na construção das políticas culturais, a escuta, o fator “ouvir” é o mais importante. Mesmo que você já saiba o que vai ser dito, o que vai ser cobrado, o que vai ser repetido. As pessoas querem falar, querem ser ouvidas, querem desabafar, querem dizer o que sentem. Deixe as pessoas falarem, deixe sua mulher falar, deixe seu filho falar, deixe seu chefe falar.

Por falar em falar, falei, num texto recente sobre minha saída da Secretaria da Cultura, que “não adianta dar murro em ponta de faca. O sistema não vai mudar”. Eu me referi, única e, exclusivamente, a um sistema diferente. Porque o sistema que aí está, pode mudar sim. E a mudança começa primeiro por nós. Não adianta eu querer mudar o outro, não adianta eu querer ser feliz se eu não consigo primeiro fazer o outro feliz. E fazer o outro feliz parte do princípio de que o diálogo, a escuta, e a partilha são estratégias de sucesso. A vida é um fazer para o outro e, ao fazer para o outro, você faz a si mesmo. Afinal, você quer ou não quer que façam com você o que você faz para o outro? Não sei escrever por parábolas, mas sei deixar mensagens nas entrelinhas.

Lembre-se: “a bondade está nos olhos de quem as vê, não no coração de quem às faz”.

Por: Redação O Tabuleiro

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