“O ritmo de vacinação no país está simplesmente péssimo. Nós já deveríamos ter utilizado pelo menos todo esse primeiro lote de 6 milhões de doses da CoronaVac, do Instituto Butantan e da Sinovac”, analisa o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em entrevista à BBC News Brasil.
Por mais que todos pensemos em proteger a própria saúde quando tomamos uma vacina, o efeito dela ultrapassa as barreiras individuais.
Isso porque a imunização em larga escala permite proteger toda a
comunidade, mesmo aquelas pessoas que, por um motivo ou outro, não podem
tomar as doses.
Esse fenômeno é conhecido popularmente como imunidade de rebanho, embora os cientistas prefiram o termo imunidade coletiva.
Segundo a publicação, o limiar de imunidade de rebanho varia de acordo com vários fatores, entre eles o quanto aquela enfermidade é contagiosa, a forma de transmissão da doença e a eficácia das vacinas disponíveis.
Ainda não se sabe ao certo qual é a porcentagem de vacinação necessária para atingir a imunidade de rebanho contra a covid-19. Atualmente, os cientistas calculam que essa taxa deve ficar entre 70% e 90%.
Em dezembro, o imunologista americano Anthony Fauci, líder da força-tarefa de resposta à pandemia nos Estados Unidos, admitiu que será preciso vacinar mais de 90% da população para conseguir controlar de vez os números de casos e mortes.
Esses indícios já mostram que a aplicação de doses aprovadas no Brasil precisa ser acelerada com urgência, uma vez que atingimos apenas 0,68% da população, segundo o banco de dados Our World in Data atualizados até 28 de janeiro (para efeitos comparativos, Israel, um país pequeno, mas o mais avançado na vacinação até agora em relação ao tamanho de sua população, já imunizou 4,56 milhões de pessoas).
Se considerarmos que a campanha começou no Brasil há 12 dias e, de acordo com Our World Data, 1,45 milhão de brasileiros receberam a primeira dose até quinta-feira (28), isso dá uma média de 120 mil pessoas vacinadas por dia.
Se precisarmos imunizar até 90% da população para eventualmente atingir a imunidade coletiva, no Brasil esse total corresponde a 188,5 milhões de pessoas vacinadas.
Mas, se continuarmos no ritmo atual de 94 mil doses por dia,
demoraremos 1.570 dias (ou pouco mais de quatro anos) para atingir o
limiar de 90%.
Lembrando que, para a maior parte das vacinas contra o coronavírus
(incluindo a CoronaVac e a AstraZeneca, as duas disponíveis aqui até
agora) são necessárias duas doses do imunizante.
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