O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, reaparece sem os famosos cabelos rebeldes, por uma boa causa. Ele ganhou uma nova versão para entrar na luta contra o câncer e inspirar crianças que também ficam carecas durante o tratamento.
Além da identificação com o príncipe fazendo quimioterapia, as crianças e jovens terão na releitura uma forma de combater o preconceito.
A ideia nasceu na Abrace – Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias -, instituição sem fins lucrativos que há 34 anos atua na luta contra o câncer infantojuvenil em Brasília.
O trabalho foi feito pelo cartunista, jornalista, escritor Arisson Tavares, que também é autor do Só Charge Boa, do SóNotíciaBoa.
“A adaptação foi possível porque, depois de sete décadas da morte do Antoine de Saint-Exupéry, a obra passou a ser de domínio público em 2015”, explicou Arisson em entrevista ao SóNoticiaBoa.
A releitura
Ele contou que a narrativa manteve a essência da obra original – “não importa o tamanho do seu planeta e sim o do seu coração” – mas foi modernizada, com uma leitura mais leve e rápida para as redes sociais, com detalhes atualizados.
O cenário é diferente daquele de abril de 1943, quando a primeira edição do livro foi publicada. A guerra agora do pequeno príncipe é contra o câncer, doença que mais mata crianças e jovens de 1 a 19 anos no Brasil.
Na nova versão, o rei se transformou em um político. Ele acha que o cargo dá o poder para mandar em tudo.
O piloto se transformou em um médico com o carro quebrado na estrada.
O bêbado trocou de vício, substituindo as garrafas por um celular conectado às redes sociais.
“Inserimos detalhes do nosso cotidiano para deixar a história ainda mais atual, mas sem perder a força das críticas sociais da obra. Recontamos essa linda história respeitando até mesmo os traços das ilustrações feitas pelo Antoine”, explica Arisson.
Digital e acessível
O formato da releitura também é inovador. O leitor poderá acompanhar os capítulos diariamente, de segunda a sexta-feira, no perfil da Abrace no Facebook e Instagram.
“É uma oportunidade, para quem nunca leu, de experimentar a história. E para quem já conhece, de ver por um novo ângulo”, conta Arisson.
Fernanda de Souza, mãe do José Augusto, 9 anos – que enfrentou e venceu o câncer infanto-juvenil – disse que o pequeno príncipe careca poderá ajudar crianças como o filho dela.
“Gera um sentimento de aceitação dessa fase que eles estão passando. É uma forma de ajudá-los a lidar com a doença e contra o preconceito”.
McDia Feliz
A ação também faz parte da campanha McDia Feliz deste ano.
No dia 21 de novembro, toda a renda obtida com a venda do sanduíche Big Mac nos restaurantes McDonald’s ajudará ONGs de todo país que oferecem assistência a crianças e adolescentes com câncer.
No Distrito Federal, a instituição beneficiada é a Abrace e o foco deste ano é a manutenção do Programa William, que faz o acompanhamento intensivo de pacientes fora de possibilidade de cura terapêutica, oferecendo apoio para a família e recursos necessários para proporcionar qualidade de vida e realizar os sonhos desses pequenos guerreiros.
O recurso também será destinado para a compra de um equipamento de citogenética, importante para exames de diagnóstico no Hospital da Criança de Brasília José Alencar.
“Embora seja um ano bem diferente dos demais, devido a pandemia e medidas emergenciais, como o isolamento social, a Abrace espera lograr ótimo resultado e conclama toda comunidade a participar”, disse a presidente da Abrace, Maria Angela Marini.
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