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A pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil na segunda quinzena de março deste ano. Em meio a tantas informações, a notícia deixou apreensivo o coração de muitas mulheres que esperavam seus bebês. “Como será agora? Somos grupo de risco? O que acontece se eu for infectada? Como vai ser nossa ida às consultas (antes, e depois do nascimento)? Como meu filho será recebido dentro de um hospital?”

Dhyne Rigaud com o esposo e o filho./ Foto: Arquivo Pessoal.

Essas e outras perguntas tomavam conta de mães como Dhyne Rigaud, que estava no oitavo mês de gestação.

“Ficamos apreensivos, sem saber como seriam todas as coisas. Dá sim um medo, uma insegurança, mas ao mesmo tempo, conforme fomos caminhando, rezando, fomos percebendo que deveríamos viver a expectativa da chegada do nosso filho que é vida, que estava vindo, era muito maior e muito mais lindo do que qualquer coisa, do que qualquer pandemia.”

Dhyne, que é mãe de primeira viagem, lembra que teve a ajuda do esposo para arrumar o quarto, preparar as coisas, lavar e passar as roupinhas, e viver este tempo com confiança em Deus.

“Nós nos apoiamos em duas coisas que o Papa Francisco nos ensinou neste tempo: que os bebês que nascessem em meio a essa pandemia, seriam sinal de esperança para o mundo. E que mesmo que nós, pais, pensemos ‘Em que mundo meu filho vai nascer?’ temos que ter certeza de que mesmo que ele nasça num ‘mundo diferente’, ainda assim será um mundo onde Deus sempre vai nos amar.”

Izabel Rabello é mãe de três filhos. João é o caçula, que nasceu há 42 dias. Ela conta que, em meio à enxurrada de informações, ficou inicialmente muito tensa. Depois, optou por viver de uma forma diferente.

“Desliguei a TV e comecei a rezar mais. Na verdade, eu tenho aprendido a rezar mais e confiar mais. E pensava: Se Deus me deu um filho nessa época, ele vai cuidar de tudo! E foi o que eu experimentei. Em meio ao caos, à tempestade, eu recebi a calmaria nos braços.”

Izabel avalia que este tempo foi e ainda está sendo de providência de Deus. “É um tempo de muito carinho de Deus. E sabe? A gente aprende que precisa de bem menos do que a gente pensava. Quando foi anunciada a pandemia, tudo fechou, e eu não tinha feito nem enxoval. Mas tudo o que o João ganhou serviu, e não faltou nada para o meu filho.”

Cuidados

A psicóloga Elaine Ribeiro entrevistou várias mães que tiveram seus bebês na pandemia. Ela explica que a gestação, por si só, é uma fase em que a mulher vive um processo intenso de adaptação física, emocional e social.

“Seu corpo está em plena adaptação, a vida do casal pode sofrer alterações, seus afetos estão direcionados para o bebê e além disto ela estará em contato com uma série de responsabilidades, preocupações e até mesmo de uma oscilação emocional que pode acontecer em alguns casos. O primeiro ano de vida do bebê também é, de forma geral, um tempo de bastante adaptação na vida desta mãe.”

Ela explica que um aspecto que pode ajudar as mães, especialmente neste tempo em que o mundo todo vive esta nova realidade, é falar a respeito dos medos e ansiedades, trocar todo o tipo de informação e dúvida com o médico que está acompanhando o parto e também ter pessoas de apoio entre amigos e familiares que possam fazer a escuta empática desta mãe.

“Ter o apoio psicológico é bastante importante quando a mãe tem esta possibilidade, mas hoje muitas clínicas e grupos online oferecem estas orientações gratuitamente. Afastar-se de pessoas negativas, de notícias sensacionalistas ou que não contribuam neste tempo, também é muitíssimo importante, pois podem agravar o estado emocional desta mãe que já está fragilizada.”

Elaine reforça a necessidade do olhar positivo, um olhar de esperança em meio à esta realidade, e dá dicas para quem ainda vai passar pelo parto.

“Esse olhar deve estar contido no próprio momento daquela vida que está sendo gerada. No tempo de espera e preparo, buscar cuidar de si, da alimentação, dos detalhes da chegada do bebê, da organização da casa. A esperança alimenta nossos propósitos de vida e isto deve ser valorizado neste momento. Olhar para o lado negativo apenas nos preenche de mais sentimentos negativos. A maioria dos casos dos partos e sequência são positivos, são de curso normal, exceto pelas necessidades de cuidado com higienização que já são normais, mas acentuados na pandemia.”

Nascimento

Izabel Rabello, o esposo e os três filhos./ Foto: Arquivo Pessoal

João nasceu há pouco mais de um mês, e recebeu, no hospital, todos os cuidados. A mãe Izabel lembra que desta vez foi diferente.

“A alta foi mais rápida, devido aos riscos. Também todos os procedimentos foram feitos lá, antes de nos liberar, desde vacinas, testes, até a consulta com a pediatra.”

Izabel está em casa, com o esposo, e os (agora) três filhos. Avalia que estão vivendo como família muito bem neste período, pois, também devido à pandemia, estão todos juntos em casa.

“A gente está sendo pai e mãe 24h por dia. Os cuidados tem sido os normais para um bebê. O único lado negativo é não poder estar com a família, minha mãe não pode estar comigo, mas graças a Deus a gente tem a internet para estar um pouco mais ‘perto’ de quem a gente ama. Sem dívidas, receber um filho foi a maior alegria diante de tudo isso, foi a alegria em meio à pandemia. Temos uma vida para ser recebida, cuidada e celebrada durante esse tempo.”

Dhyne viveu o pré-natal com todos os cuidados, tomando todas as precauções, e Filipe nasceu no dia 8 de maio. Teve, desde então, a ajuda de uma amiga, por 29 dias.

“Tenho certeza de que meu filho veio de fato trazer esperança para a nossa família e para o mundo. Ele vai poder contar a história dele, e que os pais resolveram confiar e viver a dádiva da vida, que é o maior bem que nós temos. Hoje nós estamos vivendo a rotina desafiante, com um bebê pequeno, as noites em claro, cólicas, aprendendo a ser pai e mãe, mas muito felizes, porque foi o maior presente que Deus nos deu. E não há pandemia, não há dor ou tribulação que tire essa alegria, que tire esse dom de celebrar a vida! Na nossa vida, a alegria precisa sempre ser maior do que o medo!”, finaliza.

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