Na Missa deste domingo, 22, Francisco dirigiu a sua oração àqueles que morrem sozinhos, sem poder despedir-se de seus entes queridos, por causa da pandemia do Covid-19
Vatican News
/ Papa Francisco durante Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano/ Foto: Vatican Media
O Papa presidiu na manhã deste domingo, 22, na Casa Santa Marta, a Missa no IV Domingo da Quaresma. No início da celebração o Papa voltou a rezar pelas vítimas desta doença. “Nestes dias, ouvimos as notícias de muitos defuntos: homens e mulheres que morrem sozinhos, sem poder despedir-se de seus entes queridos. Pensemos neles e rezemos por eles. Mas também pelas famílias, que não podem acompanhar seus entes queridos no momento do falecimento. A nossa oração especial é pelos defuntos e seus familiares”, rogou.
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Na homilia, comentando o Evangelho do dia (Jo 9,1-41) sobre a cura do cego de nascença, o Santo Padre exortou os fiéis a vigiarem, para que possam se dar conta quando Jesus passar em suas vidas e se converterem a Ele.
Íntegra da homilia
“Esta passagem do Evangelho de João fala por si mesma. É um anúncio de Jesus Cristo e também uma catequese. Gostaria somente de acenar uma coisa. Santo Agostinho tem uma frase que sempre me impressiona: “Tenho medo de Cristo quando passa”. Timeo Domine transeunte. “Tenho medo que Cristo passe” – “Mas por que tens medo do Senhor?” – “Tenho medo de não dar-me conta de que é o Cristo e deixá-lo passar”. Uma coisa é clara: na presença de Jesus desabrocham os verdadeiros sentimentos do coração, as verdadeiras atitudes; se manifestam. É uma graça, e por isso Agostinho tinha medo de deixá-la passar sem dar-se conta de que estava passando.
Aqui é claro: passa, cura um cego e se desencadeia um escândalo. E depois se manifesta o melhor das pessoas e o pior das pessoas. O cego… impressiona a sabedoria do cego, como responde. Era acostumado a movimentar-se com as mãos, tinha o faro do perigo, tinha o faro das coisas perigosas que podiam fazê-lo escorregar. E se move como um cego. Com uma argumentação clara, precisa, e depois usa inclusive a ironia e se dá esse luxo.
Os doutores da Lei sabiam todas as leis: todas, todas. Mas eram fixados nelas. Não entendiam quando Deus passava. Eram rígidos, apegados a seus costumes: o próprio Jesus diz isso… apegados aos costumes. E se para conservar estes costumes tinham que fazer uma injustiça, não era um problema porque os costumes diziam que aquilo não era justiça; e aquela rigidez os levava a fazer injustiças. Diante de Cristo se manifesta aquele sentimento de fechamento.
Somente isso: eu aconselho todos vocês a pegar hoje o Evangelho, capítulo 9 do Evangelho de João, e lê-lo, em casa, tranquilos. Uma, duas vezes, para entender bem o que acontece quando Jesus passa: que os sentimentos se manifestam. Entender bem aquilo que Agostino nos diz: tenho medo do Senhor quando passa, que eu não me dê conta e não O reconheça. E não me converta. Não se esqueçam: leiam hoje uma, duas, três vezes, (tomem) todo o tempo que quiserem, o capítulo 9 de João.
O Papa terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa: Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!”.
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