Um jovem brasileiro com autismo se formou no último fim de semana em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) pela Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO).
Ivi Fernando de Souza Moura tem 19 anos e nasceu em Cruzeiro do Sul, no Acre. Apaixonado por números e muito inteligente, aos 10 anos de idade ele foi diagnosticado com Síndrome de Asperger – classificado atualmente como autismo leve.
No último fim de semana, a formatura de Ivi emocionou pais, familiares, amigos e professores da faculdade.
O professor e coordenador do curso de ADS, Anderson Santos, disse que ensinou e também aprendeu com Ivi.
“Ele foi meu aluno, mas também me ensinou muito sobre como vencer os obstáculos dados pela vida. Sinto-me honrado em participar de uma história tão linda que fortalece a nossa crença em uma educação que pode mudar mundo. Ivi mostra que a força da inclusão, como proposta e objetivo, está no resgate das possibilidades presentes em qualquer ser humano”, salientou.
A mãe, Josiane Negreiro de Souza, agradeceu ao acolhimento que o filho teve na faculdade.
“Os professores do curso acompanharam meu filho desde o momento em que pedi a força de cada um deles. Lembro que todos se reuniram para a elaboração de estratégias. Ele teve mediadores, mestres e anjos que o ajudaram nessa caminhada. A FAAO me mostrou o que é inclusão na prática”, afirmou.
Historia
Josiane disse que desde cedo notou que Ivi Fernando não atendia aos comandos verbais externos e tinha alguns movimentos repetitivos – o que os especialistas chamam de estereotipia.
Pela falta de profissionais da área de neuropediatria e neuropsicologia na cidade, em 2010, Josiane levou Ivi a Curitiba, quando recebeu o diagnóstico de Síndrome de Asperger.
“Me orientaram sobre o que deveria fazer e quais meios eu precisava utilizar. Fui seguindo com a vida, dando atenção pra ele. Matriculei em uma escola e no início ele apresentou muitas dificuldades, principalmente no contato com os outros colegas, mas deu conta”, lembra.
Ela disse que várias vezes foi à escola, a convite da professora, que insistia em dizer que ele não gostava de brincar com os demais alunos e ficava apenas direcionado para os livros.
Muito inteligente
O que impressionava a mãe era o fato de o garoto ser “fascinado” por números, mostrando facilidade na compreensão da ordem numérica e das contas matemáticas.
“Embora não gostasse muito do contato com os outros colegas e não ligasse para as brincadeiras, ele amava número e amava ler. Aprendeu com três anos”.
No ensino fundamental, Ivi recebeu cinco medalhas nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática (OBMEP), destacando-se como um dos melhores alunos do colégio.
“Sempre lutou, mesmo com as dificuldades que tinha para compreender algumas coisas. Fez e superou as limitações. Tenho muito orgulho”, disse emocionada a mãe.
Faculdade
Quando terminou o ensino médio, veio a aprovação na faculdade, especificamente no curso de ADS.
Ivi ainda não se sentia preparado para enfrentar a sociedade.
“Quando recebi a notícia de que ia estudar o curso dos meus sonhos, em uma das melhores faculdades do estado, pensei sobre o quanto valeu a pena lutar e vencer os desafios. Naquele momento eu ainda passava por algumas dificuldades com relação ao autismo. Eu não era muito sociável. Então, por alguns momentos, a ideia de estar em grupo, apresentar trabalhos e me expor, me deixou um pouco ansioso e com alguns receios. Mas, enfrentei”, lembra o rapaz
Ele conta que aprendeu a enfrentar o medo.
“Foi uma coisa interessante, sabe?! Eu apresentava trabalhos, com muita dificuldade, mas enfrentava o medo. Fui me enturmando com o pessoal e, quando percebi, já estava ali, com os meus colegas. Eu fiquei impressionado e muito feliz”, comentou.
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