Conhecido
como Príncipe do Gueto, Igor Kanário, 26 anos, vocalista da banda A
Bronkka, se considera porta-voz da periferia por cantar músicas que
dialogam com jovens humildesPeriferia Igor
passou a ser reconhecido desde que lançou músicas como Banho de Sol,
Tome Dalila, Conspirador e Cyclone, esta última associada por muitas
pessoas a Kelly Cyclone - jovem apelidada de Dama do Tráfico e
assassinada há duas semanas - que era muito fã do grupo.
Com
esses e outros sucessos, A Bronkka passou a ser reconhecida pelo
diálogo com a periferia. “Cyclone não é marca de ladrão/ É a moda do
gueto/ Mas com toda discriminação/ Eu imponho respeito”, diz a
composição, feita por Igor, que morou a maior parte da vida no bairro da
Liberdade.
“Vivi a vida toda naquela área. E já fui muito
discriminado e humilhado por isso, pela desigualdade social, racial...
Só por morar na periferia, todo mundo já te olha torto. Por isso, hoje
canto o que vivo, buscando inspiração na realidade do povo”, diz o
cantor que, embora viva atualmente em uma área nobre da Pituba, junto
com a mãe, é apelidado de Príncipe do Gueto e considerado porta-voz
da periferia.
InícioJá
instalado no escritório da banda, na produtora Showmix, também
localizado na Avenida ACM, Igor relaxa, tira os óculos escuros com
detalhes dourados e conta como começou a cantar, ainda na adolescência.
A
primeira vez foi quando tocava na banda Produsamba e foi chamado para
substituir o vocalista quando ele faltou. “Meu Deus, quanto tempo tem
isso!”, diverte-se, e continua. “Depois disso, não larguei mais o
microfone. Sempre soube que queria ser cantor. Desde pequeno, com uns 7
anos, eu falava isso para minha mãe, que sempre reclamava e mandava eu
ir estudar. Ela queria que eu fosse doutor”, lembra Igor, que tem uma
filha de 7 anos.
Ele, no entanto, não chegou a concluir o
ensino médio. “Não tinha mais como ir para a escola, né? Parei no
segundo ano do segundo grau. Faltava só um ano. Era muito show, muito
ensaio... Mas ainda penso em voltar e terminar”, planeja.
Depois
da Produsamba, Igor passou pelos grupos Coisa do Samba, Patrulha do
Samba e Swing do P, até criar, junto com os amigos com quem toca há
nove anos, a banda A Bronkka, em 2009.